Análise de Mercado

Volume das commodities deve bater recorde, apesar de queda dos preços

O volume exportado pelo agronegócio brasileiro aumentou 8,12% nos primeiros nove meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2014 e deve bater o recorde de 2013


Publicado em: 27/11/2015 às 12:50hs

Volume das commodities deve bater recorde, apesar de queda dos preços

O volume exportado pelo agronegócio brasileiro aumentou 8,12% nos primeiros nove meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2014 e deve bater o recorde de 2013, conforme cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Esse desempenho é obtido mesmo com os preços em dólar recuando 18,7% e em real, 6%. O câmbio tem ajudado os exportadores, mas apenas parcialmente - a desvalorização do real no comparativo anual é de 15%.

Em moeda nacional, a receita está 2,47% superior à de igual período de 2014, ao passo que, em dólar, o resultado fica em menos 12%, com US$ 67 bilhões.

No comparativo de setembro deste ano com o mesmo mês de 2014, o volume aumentou 13,23% e a receita em real, 26,55%, apesar da retração de 13% em dólar.

Pelo estudo realizado por GeraldoSant'Ana de Camargo Barros, coordenador científico do Cepea, Andréia Cristina de Oliveira Adami, pesquisadora do Cepea, e a economista Luana Fricks, estagiária do Cepea, graduanda em Ciências Econômicas, entre janeiro de 2014 e setembro de 2015, o volume das vendas externas do agronegócio brasileiro manteve o padrão sazonal característico do setor, com crescimento dos embarques de março a agosto e redução de setembro a fevereiro. "É possível observar que, de setembro de 2014 a fevereiro de 2015, os volumes exportados caíram fortemente, havendo recuperação das quantidades embarcadas a partir de março de 2015." De abril a setembro deste ano, a exportação do agronegóciobrasileiro se mantém acima dos volumes do mesmo período de 2014. Em setembro, o aumento foi de 13,3% sobre setembro do ano passado.

Enquanto as quantidades embarcadas crescem em 2015 frente a 2014, os preços em dólar dos produtos exportados pelo agronegócio iniciaram 2015 em níveis muito inferiores aos de 2014 e não têm conseguido se recuperar, diz o estudo. Na comparação de setembro deste ano com setembro de 2014, a queda foi dramática, de 21,4%; já no comparativo dos três trimestres (jan-set/15 frente a jan-set/14), a queda foi um pouco menor, de 18,7%, mas bastante significativa.

Efeito dólar

Levando-se em conta o efeito combinado da desvalorização cambial em 2015 com a forte queda dos preços em dólares, os preços em reais (IAT-Agro/Cepea), na média dos nove meses, estiveram 6% menores que os do mesmo período de 2014. Já em setembro, especificamente, a atratividade das exportações esteve 12% maior que a de um ano atrás.

Nos últimos 12 meses (de outubro de 2014 a setembro de 2015), o volume exportado pelo agronegócio brasileiro (IVE-Agro/Cepea) cresceu 4,43%, comparativamente aos 12 meses anteriores. Os preços em dólares recebidos pelos exportadores do agronegócio retraíram-se mais de 15% (IPE-Agro/Cepea), e mesmo com a desvalorização de 11,44 % da taxa de câmbio efetiva real do agronegócio (IC-Agro/Cepea), a atratividade das exportações do agronegócio brasileiro apresentou queda de 5,91% nesse período. Com a forte queda de preços externos e pequeno crescimento no volume exportado, o faturamento em dólar do setor recuou mais de 10% na comparação anual; em moeda nacional, o resultado também foi negativo, mas em apenas 0,81%. Nos primeiros nove meses de 2015, na comparação com o mesmo período de 2014, o óleo de soja foi o produto que apresentou o maior crescimento de volume vendido ao exterior, na marca de 20,37%. Os principais destinos das exportações nesse período foram Índia, responsável por 41,89% do total, e China, com 15,
75%. Outros produtos que também tiveram aumento do volume embarcado foram: frutas (16,51%), suco de laranja (15,18%), milho (11,32%), soja em grão (11,02%), madeira (9,57%), celulose (7,90%), carne suína (6,78%), carne de aves (6,23%), farelo desoja (5,39%) e etanol (3,52%). Os embarques de café tiveram ligeira diminuição (0,36%), enquanto as vendas externas das carnes bovinas (16,25%) e de açúcar (4,98%) tiveram quedas expressivas. Houve crescimento no embarque da maioria dos produtos. Alguns aumentaram vendas para mercados tradicionais como a China, que mesmo em processo de desaceleração continua com uma das maiores taxas de crescimento mundial. Nesses primeiros nove meses de 2015, o Brasil exportou, independentemente do destino, cerca de 8% mais soja em grão do que em todo o ano de 2014.