Suíno

Variação cambial impacta preços e custos na cadeia produtiva da suinocultura industrial em SC

A depreciação da moeda brasileira frente ao dólar está impactando no comportamento dos preços e dos custos na vasta cadeia produtiva da suinocultura industrial catarinens


Publicado em: 02/10/2015 às 18:00hs

Variação cambial impacta preços e custos na cadeia produtiva da suinocultura industrial em SC

A depreciação da moeda brasileira frente ao dólar está impactando no comportamento dos preços e dos custos na vasta cadeia produtiva da suinocultura industrial catarinense: de um lado, torna mais competitivo o produto cárneo no mercado internacional, mas, por outro, encarece os custos de produção porque muitos insumos são importados ou cotados em dólar.

Para compensar essa expansão dos custos, a Cooperativa Central Aurora Alimentos, terceiro grupo nacional do setor e uma das maiores processadoras de suínos do Brasil, vem reajustando os preços praticados junto aos criadores na aquisição de suíno em pé para abate e industrialização.

Nas últimas quatro semanas, a Aurora concedeu quatro reajustes que representam 11% de aumento: o preço básico pago aos criadores passou de R$ 2,90 a R$ 3,20 o quilograma de suíno em pé, valor ao qual se acrescenta o índice de qualidade da carcaça pelo critério da tipificação, elevando o preço a até R$ 3,52.

Em razão de ser a maior processadora de suínos, a Aurora influencia e baliza o mercado catarinense e sulbrasileiro. Desde o ano passado, o mercado de suínos se mantém equilibrado, sem aumento de oferta nem em peso total, nem em número de cabeças. Também não há excesso de suínos no mercado “spot” e as indústrias frigoríficas em geral não estão estocadas.

O último reajuste está em vigor desde quarta-feira (23) e dá fôlego aos criadores para cobrir o aumento nos custos de produção. O presidente da Aurora e vice-presidente de agronegócio da FIESC, Mário Lanznaster, lembra que, se de um lado, a alta do dólar facilita as exportações brasileiras de carne, de outro aumenta os custos para o suinocultor e para as indústrias, pois os ingredientes da nutrição animal como farelo de soja e milho, bem como insumos industriais (embalagens, equipamento, material genético, tripas, condimentos, aminoácidos etc) são cotados em dólar.

Novos reajustes aos suinocultores estão tradicionalmente previstos para o último trimestre do ano, mas, para isso ocorrer, as vendas externas e internas precisam crescer, antecipa o presidente da Aurora. “Temos que ter ciência que o mercado está ajustado; não podemos produzir em excesso. Essa situação de equilíbrio deve-se ao alojamento de matrizes de acordo com a demanda industrial planejada, o que evita episódios de excesso de oferta de suínos em pé, geralmente seguidos de crise de preços e posterior escassez dessa matéria-prima”, expõe o dirigente.

CUSTOS EM ALTA

Lanznaster diz que é ilusório pensar que a apreciação exagerada do dólar representa automaticamente elevação dos ganhos das agroindústrias exportacionistas. Lembra que os custos dispararam e, neste ano, o preço do milho teve 26% de aumento e, o do farelo de soja, 40%. A saca de milho estava em 26 reais no mês de janeiro e, agora, situa-se em 33 reais com viés de alta. A tonelada de farelo de soja está sendo comercializada a 1.500 reais (1.100 em janeiro).

Santa Catarina importa mais de 3 milhões de toneladas de milho por ano e sofre um agravante para essa escassez: a área cultivada vem se reduzindo em face da migração para a soja. Com isso, é preciso buscar o cereal no Brasil central e no Paraguai. Essa operação exige mais de 60 mil viagens de carretas entre o oeste catarinense, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para transferir essa imensa quantidade de milho que alimenta a indústria de processamento de carnes.

O presidente da Aurora aponta que “o milho existe no Brasil e está nas regiões produtoras, mas todos querem exportar para aproveitar os excelentes preços internacionais”. Por isso, o preço interno está alto, balizado pelo “preço do Porto”. Milho e soja mais caros tornam a nutrição animal mais onerosa. Aliás, todos os grãos sofrerão aumento, inclusive o trigo, o que impactará diretamente no preço do pão.

Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional

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