Cana de Açucar

Usinas de açúcar vendem safra ao ritmo mais rápido em 3 anos

As usinas de açúcar do Brasil, o maior produtor do mundo, estão vendendo a próxima safra ao ritmo mais rápido dos últimos três anos depois que a desvalorização da moeda do país aumentou os lucros


Publicado em: 23/11/2015 às 18:00hs

Usinas de açúcar vendem safra ao ritmo mais rápido em 3 anos

As usinas venderam 30 por cento a 35 por cento das exportações potenciais da safra 2016-2017 depois que o real perdeu quase um terço de seu valor em relação ao dólar neste ano, segundo a Datagro. O país está retomando a prática normal de vendas antecipada após dois anos de preços baixos, disse Plinio Nastari, presidente da consultoria com sede em Barueri, São Paulo, em entrevista na conferência da Organização Internacional do Açúcar, em Londres.

A crise política e econômica rendeu ao real o pior desempenho em relação ao dólar entre 24 moedas de mercados emergentes monitoradas pela Bloomberg. Isso beneficiou os exportadores brasileiros porque o preço do produto é fixado em dólares americanos. Embora o real, que recuperou cerca de 11 por cento de seu valor desde que atingiu uma baixa recorde em setembro ainda possa cair mais, a pior parte da queda provavelmente já terminou, disse Jonathan Kingsman, autor de ´O Cassino do Açúcar´, na conferência, na terça-feira.

"O preço do açúcar em centavos de real por libra está alto", disse Nastari na terça-feira. "Os produtores brasileiros sempre fixaram o preço de suas exportações antecipadamente. Eles apenas reduziram a proporção nos últimos dois anos porque os preços estavam muito ruins".

Preços do açúcar

O açúcar bruto pouco mudou em Nova York neste ano após quatro prejuízos anuais seguidos, queda mais longa desde 1961, pelo menos. Segundo o preço fixado em reais, o açúcar subiu mais de 40 por cento e no início deste mês tocou o nível mais alto desde 2011, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O dólar provavelmente continuará ganhando força com o Federal Reserve prestes a aumentar suas taxas de juros, isso não significa que a moeda brasileira se desvalorizará mais, disse Kingsman, que começou sua carreira na Cargill e acompanha o mercado do açúcar há três décadas.

"É possível que tenhamos visto o ponto mais baixo em setembro", disse Kingsman, em referência ao real. "Ainda poderemos ver o real se desvalorizar lentamente", mas isso não necessariamente empurrará os preços do açúcar para baixo, disse ele.

A venda de açúcar da safra do ano que vem contrasta com as fatias de cerca de 50 por cento da soja e de 45 por cento do milho. As usinas não estão vendendo tanto açúcar porque os preços domésticos estão mais altos do que os de exportação, disse Nastari. As vendas de açúcar cristal em São Paulo estavam 14 por cento mais rentáveis do que as exportações na semana que terminou em 13 de novembro, disse a Cepea, um grupo de pesquisa da Universidade de São Paulo, em um relatório no dia 16 de novembro.

Para aumentar as vendas antecipadas nas últimas semanas, as usinas têm vendido contratos futuros ou usado o mercado de opções, escreveu Arnaldo Luiz Corrêa, sócio da Archer Consulting, com sede em São Paulo, em um relatório no dia 14 de novembro. Os vendedores não deveriam perder a oportunidade de fixar os preços, disse ele.

Fonte: Bloomberg

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