O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) surpreendeu o mercado internacional de commodities agrícolas ao soltar projeções de safra maiores que o esperado pelos traders. Em relatório mensal de oferta e demanda divulgado no início da tarde desta quinta-feira (11), o órgão estima a colheita de soja norte-americana em 106,5 milhões de toneladas, quase 1 milhão de toneladas acima do que os especialistas previam. Pesquisa prévia apontava que a produção da oleaginosa poderia alcançar 105,6 milhões de toneladas. No mês passado o Usda calculava que a safra seria de 103,8 milhões de toneladas. Com o ajuste, os norte-americanos devem terminar o ciclo com o maior estoque desde 2006/07: 12,92 milhões de toneladas.

No caso do milho, a previsão antecipada pelos traders era de uma colheita de 363,4 milhões de toneladas. No entanto, o número divulgado nesta quinta veio 2,2 milhões de toneladas acima da expectativa. Com isso, as lavouras dos Estados Unidos tendem a render 365,6 milhões de toneladas.

Impacto

As novas projeções divulgadas pelo Usda fizeram despencar ainda mais as cotações dos produtos no mercado internacional. Após a divulgação do relatório, a soja caia mais de 2% na Bolsa de Chicago, valendo pouco mais de US$ 9,70 por bushel. Já a desvalorização do milho é mais forte, de 2,7%, cotado a mais de US$ 3,30 por bushel.

O órgão norte-americano também alterou o intervalo para os preços médios a serem praticados durante a temporada 2014/15, de US$ 9 a US$ 11 por bushel para a soja, uma redução de US$ 0,35 por bushel nas duas pontas em relação ao mês passado. No milho o intervalo é de US$ 3,20 a US$ 3,60 por bushel, contra US$ 3,55 a US$ 4,25 por bushel estimados em agosto.

Brasil

No quadro mundial de oferta, o principal destaque vai para o incremento de 3 milhões de toneladas na estimativa para a produção brasileira de soja na temporada 2014/15, que começa oficialmente na próxima segunda-feira (15). O Usda acredita que as lavouras do Brasil vão render 94 milhões de toneladas do produto, contra 91 milhões de toneladas estimadas no mês passado.

O órgão também elevou a sua aposta para as exportações brasileiras de soja, que subiram 1,7 milhão de toneladas, mais que as 680 mil incorporadas ao número dos Estados Unidos. Com isso, os dois principais players do agronegócio mundial devem embarcar para o exterior 46,24 milhões de toneladas e 46,7 milhões de toneladas, respectivamente.

As importações da China aumentaram para 74 milhões de toneladas, contra 73 milhões de toneladas estimadas em agosto.

Também houve corte nas estimativas de colheita do milho em importantes nações produtoras, como China, Ucrânia e Argentina. O Brasil foi o único que teve aumento de 1 milhão de toneladas na projeção do Usda, para 75 milhões de toneladas.

“As exportações aquecidas de Brasil e Argentina no final da safra 2013/14 [março de 2014 a fevereiro de 2015] devem limitar as oportunidades para as exportações de milho dos Estados Unidos durante os primeiros meses da temporada 2014/15 norte-americana [setembro de 2014 a agosto de 2015]. Entretanto, a esperada redução da produção e exportação de Brasil e Argentina no ciclo 2014/15 devolverá a competitividade ao milho norte-americano na segunda metade do ano safra [segundo bimestre de 2015]”, diz trecho do relatório.

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