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Usado desde o Brasil Colônia, transporte pelo mar interliga 18 portos e tende a crescer

Quando decidiu escrever um livro de memórias, Jorge Amado titulou-o de "Navegação de cabotagem", comparando a busca de seu passado às redescobertas da navegação dentro do país, em curtas viagens. Mais do que nunca, isso é uma realidade


Publicado em: 22/09/2014 às 18:20hs

Usado desde o Brasil Colônia, transporte pelo mar interliga 18 portos e tende a crescer

Além de permitir conhecer todo o litoral, este tipo de transporte tem resgatado laços historicamente fortes no país. O transporte marítimo está na raiz do desenvolvimento econômico e social nacional, baseado, até hoje, na proximidade de portos, uma vez que, 70% dos brasileiros vivem a menos de cem quilômetros do mar.

- A cabotagem foi fundamental no Brasil no século XIX. O caminho pelo mar uniu o país e fica nítido que as cidades que mais se desenvolveram foram as que tinham os melhores portos - afirmou Cezar Honorato, professor de história da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Honorato lembra que parte dessa cabotagem era de itens importados que chegavam aos grandes portos - Rio, Salvador e Recife, em um primeiro momento, e Belém e Santos depois - e distribuídos a outros portos.

UM MEIO DE INTEGRAR O PAÍS

Mesmo na época das Capitanias Hereditárias, a navegação foi importante. Embora a economia do Brasil Colônia fosse voltada à exportação - os investimentos em transporte em terra visavam a extração de produtos do interior do país até a chegada a portos, e não a ligar regiões -, algumas rotas ajudaram a integrar o Brasil:

- Como diria Celso Furtado, o Brasil era um arquipélago econômico. A cabotagem existiu em produtos específicos, mas logo se percebeu que as províncias produziam basicamente os mesmos itens e começou uma guerra fiscal entre os estados, parecido com o que há hoje, e a cabotagem acabou sem desenvolver todo o seu potencial - disse o professor de história Luiz Fernando Saraiva, também da UFF.

Segundo Leandro Barreto, diretor de análise da Datamar-Consulting, consultoria especializada em transporte marítimo, a cabotagem representa hoje 32% da movimentação dos portos brasileiros, contra 23% em 2003. O resto do movimento nos terminas se destina a rotas internacionais. Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), há no país 56 navios dedicados à cabotagem, sendo 22 voltados ao transporte de contêineres.

- A cabotagem pode chegar a 40% do movimento dos portos em dez anos - avaliou Barreto.

Hoje 18 portos têm serviços regulares de cabotagem, mas o mercado acredita que, ao menos, outros sete terminais poderiam ter serviços, entre eles, os de Natal (RN), Maceió (AL), Cabedelo (PB), Ilhéus (BA) e Santarém (PA), mas falta Infraestrutura.

- Há menos navios operando no Brasil hoje, mas eles são maiores, o que significa que a capacidade atual é o dobro do que havia em 2007 - afirmou Barreto.

Em nota, a Antaq, informou que, nos últimos 12 anos, as cargas de cabotagem tiveram uma média de crescimento superior a15%. "Os mecanismos facilitadores e as logísticas envolvidas com a cabotagem já se encontram amplamente debatidos, conhecidos, e suas soluções apontadas. Resta a efetiva ação implementadora do que se entende como razoável", diz a agência.

Fonte: O Globo

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