Soja

Soja inicia semana operando com estabilidade em Chicago nesta 2ª feira e espera atualizações

Os futuros da oleaginosa subiam, por volta de 6h30 (horário de Brasília), entre 1,25 e 1,75 ponto nos principais contratos no pregão desta segunda-feira (23)


Publicado em: 23/07/2018 às 10:10hs

Soja inicia semana operando com estabilidade em Chicago nesta 2ª feira e espera atualizações

O mercado internacional da soja começa mais uma semana atuando com estabilidade na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa subiam, por volta de 6h30 (horário de Brasília), entre 1,25 e 1,75 ponto nos principais contratos no pregão desta segunda-feira (23). O novembro/18 tinha, assim, US$ 8,66 por bushel.

Os traders seguem aguardando por informações que aqueçam o andamento das cotações, enquanto já tê precificados a guerra comercial entre China e Estados Unidos - ao menos as notícias já conhecidas - e o quadro climático no Corn Belt, que segue favorecendo o andamento das lavouras.

Dessa forma, qualquer novidade em torno de ambos os assuntos poderia mexer com o comportamento dos preços e tirá-los dessa movimentação técnica.

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz, no fim do dia após o fechamento da sessão, seu novo boletim semanal de acompanhamento de safras e, uma nova redução no índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições, como aconteceu na semana passada, poderia influenciar nas cotações.

Atualmente, são 69% dos campos de soja em boas ou excelentes condições.

Veja como fechou o mercado na última semana:

Trava dos fretes faz soja do Brasil desperdiçar oportunidade trazida pela guerra comercial China x EUA

As chances que o Brasil está perdendo de ter uma participação ainda mais vantajosa no comércio mundial de soja diante da guerra comercial entre China e Estados Unidos foi manchete no noticiário internacional no fim de mais uma semana em que o mercado nacional foi marcado pelas incertezas trazidas pela questão dos fretes.

"Os prêmios no Brasil têm subido de forma muito expressiva diante de uma demanda ainda maior por parte da China, mas os produtores não conseguem capturá-los em sua totalidade por conta da alta nos fretes", destaca a agência de notícias Bloomberg. São mais de 200 pontos acima dos valores praticados na Bolsa de Chicago ofertados para a soja brasileira da safra 2017/18 neste momento.

Prêmios

O entrave em torno da questão do preços dos fretes e de seu tabelamento se estende desde o último dia 30 de maio e tem ajustado de maneira muito severa as margens tanto dos produtores rurais, quanto dos demais elos das cadeias de produção e distribuição. Em determinados pontos do país, os fretes somente para a soja tiveram um aumento de até 150% ao seguir o tabelamento.

A situação é tão incerta que faz com que os produtores se retraiam e evitem novos negócios. O que se observa nos últimos dias é, portanto, a busca por uma retomada do ritmo, ao menos, do escoamento dos negócios já firmados.A repórter da Bloomberg questiona: "E se a disputa entre China e Estados Unidos se resolver rapidamente? O Brasil terá disperdiçado essa 'vantagem' ocasionada por uma briga geopolítica?".

O questionamento chega em um momento em que a situação dos fretes no Brasil tem a perspectiva de se resolver somente em agosto - com uma audiência pública marcada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para acontecer no em 27 de agosto - e no dia em que uma nova declaração do presidente Donald Trump afirma que os EUA estão prontos para tarifar a China em US$ 500 bilhões.

Será difícil prever.

Os preços para a soja brasileira, nos portos e no interior do Brasil, remuneram bem os produtores neste momento, segundo explicam analistas e consultores de mercado. Com prêmios acima dos US$ 2,00 por bushel sobre os valores de Chicago e com um câmbio favorável, apesar de volátil, o produto disponível mantém-se próximo dos R$ 90,00 nos terminais de exportação.

Na última semana, em Rio Grande, a soja spot subiu 1,74% para fechar com R$ 87,50 por saca e, na referência agosto, o ganho foi de 2,07% para R$ 88,80. Em Paranaguá - apesar da queda de 2,97% no acumulado semanal em função da baixa do dólar nesta sexta-feira (20) - o preço ainda ficou em R$ 88,30, testando, nos melhores momentos da semana, patamares acima dos R$ 90,00. Ainda no porto paranaense, a soja da safra nova se manteve estável nos R$ 81,00.

Nesta sexta-feira, boa parte das principais praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas fecharam o dia com os preços sem variação, em função da baixa do dólar - de mais de 1% frente ao real - do mercado estável na Bolsa de Chicago e mais a questão da incerteza sobre os fretes. Os principais indicativos têm variado entre R$ 67,00 e R$ 88,00 por saca.

Safra 2018/19 travada

Se há pouco ritmo na comercialização da safra 2017/18, a da safra 2018/19 está travada. De acordo com números da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), no período em que a questão se arrasta, as vendas antecipadas da nova temporada poderiam estar 7 pontos percentuais mais avançadas.

"Com isso, perdemos de vender cerca de 9 milhões de toneladas e de faturar US$ 3 bilhões", diz o gerente de economia da instituição, Daniel Furlan Amaral, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta sexta. "O avanço da comercialização da safra nova depende de uma solução desse impasse", completa.

Ainda sobre 2018/19, a Abiove expõe sua preocupação com a chegada dos insumos para que o plantio se dê no tempo correto, dentro da janela ideal de cultivo. "A agricultura não espera, estamos falando de um limite climático".

Em entrevista à Bloomberg, o produtor rural Ricardo Arioli, de Mato Grosso, afirma ter apenas 8% de sua nova safra já comercializada, contra 40% do mesmo período do ano passado, nessa mesma época. "Ninguém quer comprar ou vender soja neste momento", disse. "Os produtores irão ficar com esta conta. Tenho certeza disso", completou.

Peso duplo

Comprometendo também a logística dos insumos, a incerteza paira também sobre o futuro da nova safra de verão do Brasil. A entrega dos fertilizantes se mostra atrasada no país - já que não há mais o frete de retorno após a entrega dos grão nos portos - e o acúmulo de atividades, após a definiçao de um acordo sobre o assunto, pode comprometer os trabalhos de campo.

"Os grandes prejudicados são os produtores rurais. Estes sofrem duas vezes, na chegada dos insumos, com preços mais altos, e na venda da produção, com preços mais baixos", explica o economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter.

O executivo explica ainda que o custo do transporte seja formado pela demanda ou pela oferta, como rege a lei de mercado, acaba ameçado pelo tabelamento.

"Primeiro, no caso dos produtos agrícolas, estes são produtos cuja formação do preço é de demanda. Portanto, existe uma decomposição do preço de mercado até chegar ao produtor rural. Isto significa que o preço de mercado não irá subir e o custo do transporte será arcado pelo produtor", diz Motter.

Na sequência, explica a contramão. "No segundo caso, quando o preço é de oferta, no caso dos produtos industriais, existe uma composição do preço e, portanto, o preço será acrescido aos custos de produção no campo - ou seja, quem produz os insumos usados no campo consegue impor seu preço para a próxima etapa da cadeia", complementa.

Em resumo, o produtor recebe insumos com preços industriais, de oferta, e, portanto, sofre aumento dos fretes, e ao vender a produção, vende por um preço formado pela demanda e, assim, sente a pressão da alta dos fretes. "Ou seja, ele perde nas duas pontas", conclui o analista.

No Piauí, segundo relata o presidente da Aprosoja PI, Altair Fianco, muitas empresas não querem entregar os fertilizantes com os mesmos valores acordados antes da paralisação dos caminhoneiros - movimento que originou o tabelamento dos fretes. "Fazendo isso já estão amargando os prejuízos", diz.

Entre os grãos, após mais de 40 dias sem negociações, as tradings voltam lentamente às compras de soja, porém, descontando as diferenças dos custos logísticos. "Essa situação de tabelamento e tudo o que se discute acaba tirando quem compra do mercado. E quem precisa vender tem que honrar seus compromissos de primeira mão", relata Fianco.

Como alternativa, os produtores buscaram comercializar sua soja no mercado interno, que também pressionou os preços e tirou cerca de R$ 10,00 por saca na negociação, ainda como explicou o presidente da Aprosoja PI.

Bolsa de Chicago

Nesta sexta-feira, os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam o dia com pequenas altas de 3,25 a 3,75 pontos entre os contratos mais negociados, e o novembro/18 - referência para o mercado neste momento - cotado a US$ 8,64 por bushel.

Os futuros tiveram mais uma dia de movimentação técnica e, novamente, no aguardo de informações novas e fortes o suficiente para promover variações mais intensas entre as cotações. Os traders permanecem cautelosos e optaram por estar bem posicionados antes do final de semana.

"Os operadores de mercado em Chicago vão continuar observado a reação das cotações futuras, mas já está ficando claro que Trump realmente está falando sério quando diz não ter medo de entrar em uma gigante guerra comercial com a segunda maior economia do planeta", dizem os analistas da AgResource Mercosul (ARC).

Entretanto, quando veio o anuúncio nesta sexta-feira da possibilidade de os EUA taxarem ainda mais a China, "a CBOT parou de operar perto das máximas do dia, mas ao contrário de outros anúncios como este, não houve um colapso exagerado nos preços", completa a ARC.

Fonte: Notícias Agrícolas

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