Publicado em: 28/08/2014 às 18:50hs
O problema é que apenas isso não basta. É preciso mais organização.
Para isso, é preciso a participação efetiva de técnicos para orientar não só o acesso às políticas do governo como as medidas práticas a serem adotadas no campo.
A avaliação é de Braz Albertini, presidente da Fetaesp (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo), também um pequeno produtor.
Albertini diz que a vida era muito difícil há alguns anos. Mas agora o produtor, mesmo tendo melhores oportunidades, precisa de motivação.
A produção isolada e em pequenos volumes não dá retorno. Transportes, pedágios e outros custos inviabilizam esse sistema de produção. Os governos devem se encarregar de uma organização que torne viável a participação dos pequenos no sistema de fornecimento de alimentos.
Para Albertini, essa organização poder ser desde as feiras agropecuárias desenvolvidas pelas prefeituras até a destinação dos produtos da agricultura familiar para presídios e merenda escolar.
Alguns programas já existem, mas o produtor isoladamente não tem acesso ou não consegue participar deles, segundo Albertini.
Enquanto não houver uma organização da produção e consequente aumento da renda do produtor, a agricultura familiar vai continuar perdendo sua população, "que prefere atender aos apelos das cidades", afirma.
Com isso, a agricultura familiar vê cada vez mais um êxodo rural.
Políticas
"Temos como produzir de tudo, mas não temos políticas", diz Albertini. Ele cita o caso da Anater (Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural), aprovada no Congresso, mas que ainda não teve efeito prático.
O produtor não pode esperar mais por um órgão que deveria se encarregar de promover a integração da pesquisa agropecuária, qualificar profissionais, elevar o conhecimento do produtor e buscar inovação tecnológica.
"Sem conhecimento e tecnologia, não há renda. E sem renda não há investimentos", afirma Albertini.
Japão faz parcerias para impulsionar renda agrícola
Um exemplo para os pequenos produtores rurais do Brasil poderia vir do Japão. O país asiático vive o drama de como produzir alimen- tos com cada vez menos agricultores.
Preocupado com o cenário futuro, o governo engaja empresas não agrícolas nesse setor. E tem dado certo.
De acordo com o Ministério de Agricultura do Japão, 61% dos agricultores têm mais de 65 anos. A população jovem sai do campo devido à renda.
Dependentes da agricultura, empresas não agrícolas, como indústrias, restaurantes e supermercados, fazem parcerias para uma sobrevivência conjunta.
O censo mais recente do país indicou uma alta de 22% nessas parcerias em comparação a 2005.
Fonte: Folha de S. Paulo
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