Frigoríficos e Abatedouros

Rússia suspende importação de carne e atinge Mato Grosso

O governo russo voltou a suspender as importações de carnes brasileiras.


Publicado em: 28/05/2015 às 20:00hs

Rússia suspende importação de carne e atinge Mato Grosso

A medida, anunciada na última terça-feira, atinge duas unidades, em Mato Grosso, que processam carne bovina. Para o Brasil, a suspensão das relações comerciais vale também para as carnes suínas e de aves e atinge ao todo dez frigoríficos, entre eles plantas da JBS, Marfrig e BRF.

Conforme o serviço veterinário russo Rosselkhoznadzor, o embargo começa a valer a partir do dia 9 junho e veta as exportações do frigorífico Mato Grosso Bovinos, controlado pela Minerva Foods - não ficou claro se seria a unidade de Várzea Grande ou de Mirassol d’ Oeste - e da Nortão Alimentos, em Sinop.

O serviço veterinário disse que sua decisão foi tomada depois de uma inspeção em unidades brasileiras em março por fiscais russos, segundo a agência Interfax.

Há pouco mais de um ano, a Rússia restabelecia as compras de carne no país, após um embargo que vigorou de junho de 2011 até o final de 2013. A suspensão atingiu naquele momento 85 frigoríficos de Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná de aves, bovinos e suínos. Na prática, as compras só ocorreram de fato a partir de 2014, em Mato Grosso.

Nessas idas e vindas das relações comerciais entre Rússia e Mato Grosso, o país deixou de ser o maior consumidor dos cortes bovinos processados no Estado. Até 2011, os russos tinham no segmento o mesmo peso que a China tem na soja atualmente.

Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) nesse primeiro quadrimestre do ano a Rússia é o terceiro maior parceiro, atrás de Venezuela, com importações de US$ 70,20 milhões e da China, com US$ 57,17 milhões. De janeiro a abril as compras feitas pelos russos somaram US$ 35 milhões. Uma fonte do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo), que pediu anonimato, explica que o embargo sempre traz impacto ao mercado, devido a perspectiva de maior oferta no mercado interno e a conseqüente pressão sobre a arroba e o quilo da carne pelo aumento da oferta. “Nesse momento, em especial, temos uma preocupação sim. Fechamos o quadrimestre com queda nas exportações de quase 25% e os dois maiores importadores (Venezuela e China) apresentam retrações no volume de compra de quase 40% e 20%, respectivamente”.

No Brasil, a Rússia foi o segundo maior importador de carne bovina do Brasil em 2014 e o maior comprador de carne suína brasileira.

MAPA – Somente no início da noite de ontem o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), se posicionou sobre o anúncio do embargo, por meio de nota à imprensa. O Mapa reforça que dos dez frigoríficos com as vendas suspensas ao mercado russo, cinco solicitaram não participar da auditoria por motivos próprios e que a restrição “decorre de um processo de rotina realizado pelo governo daquele país, procedimento bastante comum em negociações sanitárias internacionais”.

Ainda conforme o Ministério, o mercado de exportação de carnes para a Rússia está assegurado com a habilitação de diversos frigoríficos brasileiros. Atualmente, mais de 60 unidades estão habilitadas a comercializar carnes bovina e suína.

“O Mapa está solicitando informações detalhadas ao governo russo sobre a situação de cada um dos frigoríficos embargados, a fim de tomar as providências necessárias para correção de cada caso e comunicação às autoridades russas”, finaliza a nota.

Justificativa - As violações descobertas apresentam um significativo grau de risco, disse o Rosselkhoznadzor em comunicado. As causas dos embargos não foram completamente detalhadas pelo órgão da Rússia, que já tomou medidas semelhantes no passado, ao suspender temporariamente algumas unidades.

O serviço russo enviou às autoridades brasileiras um relato sobre os resultados das inspeções e está aguardando comentários no prazo de dois meses. Foram oito unidades de abate de bovinos embargadas: três da Marfrig (duas em São Paulo e uma em Mato Grosso do Sul), duas da JBS (em Minas Gerais e Goiás), uma do Frigorífico Silva (RS), uma da Mato Grosso Bovinos (MT) e uma da Nortão Alimentos (MT).

De suínos, foram embargadas uma unidade da BRF, em Goiás, e uma do Frigoestrela, em São Paulo, segundo listagem no site do Rosselkhoznadzor.

O Brasil, que tem sido nos últimos anos o maior exportador global de carne bovina, ainda tem 28 plantas de bovinos habilitadas pela Rússia, informou a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). (Com Reuters)

 

Fonte: Diário de Cuiabá

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