Setor Sucroalcooleiro

Produção de etanol deve atingir recorde em 2014/2015

A consultoria Datagro também prevê aumento de 4,6% no consumo interno


Publicado em: 30/01/2015 às 19:30hs

Produção de etanol deve atingir recorde em 2014/2015

Mesmo com a continuidade da forte crise financeira enfrentada pelo setor sucroalcooleiro, as usinas e destilarias brasileiras vão processar mais cana-de-açúcar na safra 2015/2016 e produção de etanol de atingir o recorde de 29,11 bilhões de litros, volume 3,3% acima do produzido no ciclo 2014/2015. As estimativas são da consultoria Datagro, que prevê produção estável de açúcar no patamar de 35,5 milhões de toneladas.

As primeiras estimativas da Datagro para a safra 2015/16 foram apresentadas nesta quinta-feira (29/1) pelo presidente da Consultoria, Plínio Nastari. A previsão é de moagem de 642 milhões de toneladas de cana na próxima safra, que começa oficialmente em maio. O volume é 2,3% (14,5 milhões de toneladas) superior ao da safra atual. A moagem no Centro-Sul deve crescer 2,3% para 584 milhões de toneladas e para a região Norte-Nordeste a previsão é de aumento de 1,0% para 58 mil toneladas.

Nastari comentou que a crise hídrica, que provoca quebra de safra nas lavouras e grãos e compromete o abastecimento de água nas cidades, não prejudicou a produtividade dos canaviais. Segundo ele, os levantamentos mostram que os índices de chuva de novembro do ano passado foram superiores ao mesmo mês de 2013 e dezembro houve estabilidade. Neste mês, o volume acumulado está abaixo do normal, mas acima de janeiro do ano passado. Um reflexo do bom estado das lavouras é que a Datagro prevê aumento de 1,6% no teor de açúcar total recuperável (ATR) na cana.

Com o mercado internacional de açúcar com perspectiva de ser mais ajustado que em anos anterior e um excedente exportável de 24,25 milhões de toneladas, a safra brasileira se tornará ainda mais alcooleira. O percentual da safra de cana que será destinada ao etanol cresce de 56,9% para 57,7%. No Centro-Sul a participação do etanol cresce de 50,5% para 51,6%. O crescimento será maior na região Norte-Norte, onde a destinação da cana para o etanol passa de 56,4% para 57,2%.

Devido à maior oferta, a Datagro prevê para está safra aumento de 4,6% no consumo interno de etanol combustível para o recorde de 24,74 bilhões de litros. A projeção é de aumento de 4% no consumo de anidro, para R$ 11,49 bilhões de litros, e de 5,2% no hidratado, para 14,25 bilhões de litros. Ele explica que a previsão de aumento de 1,14 bilhão de litros no cosumo leva em conta o aumento na mistura de anidro na gasolina para 27% e a redução do ICMS sobre o etanol em Minas Gerais. Ele disse que existem indicações de que o aumento na mistura será de 25% para 27% e não os 27,5% como esperam as usinas

Ao analisar o impacto da Cide, que dentro de 90 dias entra em vigor com a taxação de R$ 0,22 sobre a gasolina, Nastari diz que o valor não deve ser capturado totalmente pelas usinas, que devem ficar com ganho das entre R$ 0,7 a R$ 0,12 por litro, pois as margens serão distribuídas também com refinarias, distribuidores e consumidores. O calculo vale para o etanol hidratado, cujo no preço tem relação o da gasolina, por ser produto de uso alternativo nos veículos flex. “No caso do álcool anidro, misturado à gasolina, a possibilidade é de captura dos R$ 0,22/litro”, diz ele.

Nastari diz que o aumento na Cide ajuda, mas não resolve o problema do endividamento das usinas. Ele afirmou que na próxima safra mais nove usinas devem suspender a moagem da cana, totalizando 92 unidades paralisadas desde 2008. Na opinião do especialista, a retomada dos investimentos somente ocorrerá a partir de uma política de longo prazo, que leve o setor confiar de novo governo.

O presidente da Datagro concorda com a proposta do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, presidente do conselho da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), que defende um “Proer” (renegociação) para as dívidas das empresas, que segundo cálculos do setor privado chegam a R$ 77 bilhões. Plínio argumenta que o endividamento é resultado de um conjunto de fatores, como exigência de mecanização na colheita da cana; quebras provocadas pelas adversidades climáticas, impacto da crise financeira internacional de 2008; e a defasagem dos preços da gasolina pratica pelo governo.

Segundo os cálculos da Datagro, nos período de 2002 a 2014 os preços a da gasolina apresentam uma defasagem de 26,8% considerando o IGPDI. O preço passou de R$ 1,999/litro para R$ 2,904/litro, quando se corrigido pela inflação deveria custar R$ 3,968/litro. No caso do álcool anidro a defasagem no período foi de 11,07% e no hidratado de 10%. Corrigidos pela inflação, o anidro custaria hoje na usina R$ 1,593/litro e o hidratado R$ 1,407.

Fonte: Globo Rural

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