Agricultura Familiar

Plano Safra libera quase R$ 29 bilhões para a agricultura familiar

A agricultura familiar vai receber mais recursos no próximo Plano Safra. O governo vai liberar R$ 28,9 bilhões para a agricultura familiar. O Plano foi lançado na segunda-feira em Brasília


Publicado em: 29/06/2015 às 19:50hs

Plano Safra libera quase R$ 29 bilhões para a agricultura familiar

Agricultores de várias partes do país e autoridades lotaram o Palácio do Planalto. "Este é o maior valor já destinado a este público e representa um incremento de 20% em relação ao ano anterior", declara Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Agrário.

Os juros para o financiamento da safra tiveram uma pequena alta em relação ao ano passado. A taxa ficou entre 0,5 e 5,5% ao ano, depende do valor financiado e da região.

Para o garantia-safra, o seguro para os produtores que perdem a lavoura, vão ser liberados R$ 459 milhões. O limite por produtor foi mantido: R$ 850.

O governo anunciou ainda que vai aumentar a compra de produtos da agricultura familiar. Hoje, 30% da merenda escolar vem das pequenas lavouras. Agora, esse índice também vai ser aplicado para abastecer órgãos públicos, quartéis, presídios, restaurante e hospitais universitários.

"A agricultura familiar, no pico da safra, normalmente é a que mais sofre com a queda de preço, e agora, tendo a oportunidade de poder vender, traz segurança. Então, o que nós precisamos é organizar essa produção, porque ela tem que ter uma venda regular", avalia Alberto Broch, presidente da Contag.

Para a assistência técnica, o governo vai destinar R$ 347 milhões e a presidente Dilma prometeu tirar do papel a Agência Nacional de Assistência Técnica (Anater), criada há dois anos.

Goiás

Apesar da alta dos juros, os agricultores continuam dispostos a investir.

Na fazenda do agricultor Gilberto Katzer, a colheita do girassol já está quase no fim. Ele tem uma propriedade de 30 hectares em um assentamento no município de Jataí, na região sudoeste de Goiás.

Ele está utilizando um maquinário próprio para colher a produção. No ano passado ele e os filhos conseguiram comprar uma colheitadeira através de uma linha de crédito da agricultura familiar. Neste ano, pretende pegar mais dinheiro para o custeio da soja. "A intenção é melhorar a terra para aumentar a produtividade", diz Gilberto Katzer, agricultor.

No mesmo assentamento vive Cícero Vieira. Ele está perto de colher o milho safrinha, mas já está pensando na próxima safra. Vai plantar soja. Todo ano o agricultor utiliza o financiamento do Plano Safra da Agricultura Familiar para custear o plantio.

O agricultor vai tentar uma linha de crédito maior para investir na propriedade. Ele pretende construir uma estrutura maior para armazenar equipamentos. Seu filho, o agrônomo Marcelo Vieira faz parte da cooperativa do assentamento e auxilia os pequenos produtores na hora de pedir os financiamentos. "Eu auxilio os agricultores para conhecerem as linhas crédito, as taxas de juros e os limites", explica.

Rio Grande do Sul

Há sete anos, o agricultor Amauri Zangirolani iniciou as atividades como agricultor em Ijuí, noroeste do Rio Grande do Sul. Para investir na propriedade, ele recorre ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Nos dois últimos anos conseguiu o financiamento. Este ano, Amauri vai encaminhar o pedido novamente, mas o aumento dos juros faz o agricultor ter cautela. "Temos que investir, mas não da mesma maneira, porque aumentou a taxa de juros, então ficou mais difícil", comenta Amauri José Zangirolani, agricultor.

Os 40 mil reais que solicitou nos anos anteriores foram utilizados para compra de adubos, sementes e implementos para o plantio. Pagou um juro de 4,5% ao ano.

Com o anúncio do Plano Safra, pelo mesmo valor contratado no passado, agora os agricultores terão que pagar 1% a mais de juro. Mesmo considerando que a taxa não deveria ter aumentando, os produtores acham mais seguro ter a opção do financiamento.

"Até por causa do amparo do seguro agrícola. Com um financiamento direto os riscos de perda são muito grandes", comenta Zangirolani, agricultor.

Segundo o agricultor Caciano Castilhos Roggia, de Cruz Alta, também no noroeste do Rio Grande do Sul, o plano deveria ter sido anunciado mais cedo. Para o agricultor, o juro vai ser mais uma perda. "A gente esperou pra comprar os produtos, e agora eles vão estar bem mais caros do que há dois meses atrás", diz.

"No geral, a gente enxergou que aumentando o recurso, passando agora para R$ 28,9 bilhões, o estado brasileiro continua apostando na agricultura familiar", avalia Adilson Baroni, secretário da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar.

Fonte: Globo Rural

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