Mercado Financeiro

Mercado mantém projeção para a Selic em 13,75%

O relatório Focus divulgado nesta segunda-feira, 22, pelo Banco Central mostrou que, na visão do mercado, para conter a inflação em 2016 a instituição precisará encerrar o ano com uma Selic (a taxa básica de juros da economia) elevada


Publicado em: 22/08/2016 às 11:20hs

Mercado mantém projeção para a Selic em 13,75%

O relatório Focus divulgado nesta segunda-feira, 22, pelo Banco Central mostrou que, na visão do mercado, para conter a inflação em 2016 a instituição precisará encerrar o ano com uma Selic (a taxa básica de juros da economia) elevada. A mediana do mercado financeiro para a Selic em 2016 permaneceu em 13,75% ao ano - mesmo patamar da semana anterior, quando o mercado havia elevado sua perspectiva para a taxa básica. Há um mês, estava em 13,25%.

Para o fim de 2017, o mercado seguiu projetando, pela oitava semana consecutiva, uma Selic a 11,00% ao ano. Já a Selic média de 2016 permaneceu em 14,16% ao ano. Para 2017, passou 11,78% para 11,84%. Há um mês, a mediana das taxas médias projetadas para este e o próximo ano eram de, respectivamente, 14,06% e 11,75%.

Para o grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções (Top 5) de médio prazo, a taxa básica - que atualmente está em 14,25% ao ano - terminará 2016 neste patamar, sem que haja cortes em 2016. Uma semana antes, eles previam uma Selic a 13,75% no fim do ano (mesmo valor projetado um mês atrás). Para o ano que vem, as estimativas do Top 5 ficaram estáveis em 11,25% ao ano.

Após piora nas projeções de inflação na semana passada, as previsões contidas no Relatório de Mercado Focus voltaram a mostrar um índice menor para o ano que vem. A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2017 caiu de 5,14% para 5,12%. Quatro semanas atrás, estava em 5,29%. Para 2016, permaneceu em 7,31%. Um mês antes, estava em 7,21%.

No dia 10 de agosto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação em julho foi de 0,52%, acima da mediana de 0,45% prevista na pesquisa do Broadcast Projeções com as instituições financeiras. Na pesquisa Focus que se seguiu, houve piora nas estimativas do mercado financeiro.

Por sua vez, no comunicado do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) e na ata da reunião, o BC havia informado que, pelo cenário de referência, que pressupõe a Selic (a taxa básica de juros) inalterada em 14,25% ao ano e um dólar a R$ 3,25, as projeções apontam para uma inflação em torno da meta de 4,5% já em 2017. No cenário de mercado, que utiliza as trajetórias para os juros e o câmbio apuradas na pesquisa Focus, a inflação projetada para 2017 estava em torno de 5,3%, conforme a ata. Para 2016, a ata do Copom indicou que as projeções, tanto no cenário de referência quanto no de mercado, apontavam para uma inflação em torno de 6,75%.

PIB. As projeções desta semana não alteraram as expectativas para a atividade do País em 2016, que continuaram mostrando uma forte recessão. Pelo documento, as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano seguiram indicando retração de 3,20%. Há um mês, o mercado previa uma queda de 3,27%.

Para 2017, o cenário segue um pouco melhor, com perspectiva de PIB positivo. Ainda assim, o mercado prevê para o País, conforme o relatório Focus, um crescimento de apenas 1,20% no próximo ano, ligeiramente melhor que o 1,10% de uma semana atrás (mesmo valor projetado há um mês).

Em junho, o BC informou no Relatório Trimestral de Inflação que sua nova estimativa para o PIB deste ano era de retração de 3,3%, ante baixa de 3,5% vista na edição anterior do documento. No caso de 2017, a estimativa do Ministério da Fazenda, atualizada na semana passada, é de 1,6% de crescimento. Antes, estava em 1,2%. Essa nova estimativa constará no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), a ser apresentado ao Congresso até o fim do mês.

No relatório Focus, as estimativas para a produção industrial ainda sugerem um cenário difícil. A queda prevista para este ano seguiu em 5,95%. Para 2017, a projeção de alta da produção industrial foi de 0,75% para 1,05%.

Já as projeções para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para este ano passaram de 44,90% para 45,25%. Um mês atrás, estava em 44,45%. Para 2017, as expectativas no boletim Focus foram de 49,05% para 49,65%, ante projeção apontada um mês atrás de 49,00%.

Câmbio. O Relatório mostrou estabilidade nas estimativas para o câmbio deste ano. O documento indicou que a cotação da moeda estará em R$ 3,30 no encerramento de 2016, mesma projeção da semana anterior. Um mês atrás, estava em R$ 3,34. O câmbio médio de 2016 passou de R$ 3,45 para R$ 3,43 - um mês antes, estava em R$ 3,47.

Para o fim de 2017, a mediana caiu de R$ 3,50 para R$ 3,45 de uma divulgação para a outra - quatro semanas atrás estava em R$ 3,50. Já o câmbio médio de 2017 foi de R$ 3,41 para R$ 3,40 de um levantamento para o outro - estava em R$ 3,46 um mês atrás.

No início do mês, durante evento em São Paulo, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou que a instituição poderá reduzir sua exposição cambial em ritmo compatível com o normal funcionamento dos mercados. Ilan afirmou que é importante reduzir a intervenção, sem falar especificamente nos swaps cambiais. "É importante caminharmos para reformas microeconômicas que reduzam distorções e evitem intervenções demasiadas, aumentando a eficiência do mercado", disse.

Fonte: O Estado de São Paulo

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