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Levantamento da Cooxupé aponta seca inédita nas principais cidades produtoras de café

Segundo levantamento da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), os municípios do Sul e Sudoeste de Minas Gerais e Alto do Rio Pardo em São Paulo vivenciam uma seca inédita neste ano


Publicado em: 02/09/2014 às 17:40hs

Levantamento da Cooxupé aponta seca inédita nas principais cidades produtoras de café

Segundo levantamento da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), os municípios do Sul e Sudoeste de Minas Gerais e Alto do Rio Pardo em São Paulo vivenciam uma seca inédita neste ano, que já reflete na colheita da safra atual e que pode prejudicar significativamente a safra 2015/16. Com a possibilidade de quantidade menor do produto devido às condições climáticas nas principais regiões produtoras, a Bolsa de Nova York para o café arábica registrou expressivas altas nos últimos dias.

As cidades que apresentam maior déficit hídrico são Campos Gerais-MG – importante produtora de café no Estado, com déficit de 235,7mm, Monte Carmelo-MG, com 199,3mm e Carmo do Rio Claro-MG, com déficit de 196,7mm. No entanto, cerca de 15 municípios monitorados da área de atuação da Cooperativa tiveram menos chuva este ano em relação a 2013. Para realizar o levantamento, os técnicos da Cooxupé levam em conta a precipitação, temperatura média, número de dias e radiação solar de cada localidade.

O produtor de café da Fazenda Capetinga, José Augusto Gomes, da cidade de Campos Gerais-MG, que tem o maior déficit hídrico, afirma nunca ter visto situação parecida na cidade. “O estado está crítico, as chuvas são esporádicas, está inexplicável. Em alguns dias não temos nem água na torneira para beber. Nessa época do ano chovia-se cerca de 600mm, mas não choveu nem 100mm”, disse o cafeicultor com pouco entusiasmo.

A cidade de Campos Gerais-MG teve precipitação de apenas 349,6 mm neste ano e diferença de 70,7% com relação ao ano passado.

A falta de chuva não prejudica somente as plantações, desfolhando e queimando os pés de café, mas também impede os produtores de realizar o trabalho adequado de adubação. “Tínhamos que jogar adubo na plantação, mas não foi possível porque não tínhamos água para fazer”, disse Gomes ao NA.

Dados do Conselho Nacional do Café (CNC) apontam que a produção de café neste ano pode cair 18% quando a colheita terminar no mês que vem, para 40,1 milhões de sacas, após um declínio de 3,1% no ano passado. Para a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), a safra brasileira de café deve ficar em torno de 45 milhões e 47 milhões de sacas. No entanto, apenas quando a safra, que está sendo colhida terminar é que o setor terá números exatos para a quebra.

Segundo o coordenador de desenvolvimento técnico da Cooxupé, Maciel Yukio Nishiooka, a falta de chuva associada às altas temperaturas pode causar prejuízos as plantas e consequentemente quebra. “Os fisiologistas já mostram que poderá haver perdas devido ao pouco crescimento dos ramos plagiotrópicos (produtivos), como também a morte das raízes absorventes, comprometendo a absorção de água e nutrientes o que consequentemente pode levar a uma queda na produção”, ressalta.

No entanto, de acordo com Gomes, a preocupação agora não é mais com a safra atual, nem a de 2015. Segundo o cafeicultor, a safra 2014 já representa perda de 45% em sua fazenda e a de 2015 estima-se que tenha quebra de 35% a 40%. “Eu não estou mais preocupado com a quebra na safra de 2015, pois ela já está praticamente confirmada. O que mais me preocupa é a de 2016. Se chover agora não vai adiantar nada para a safra atual, nem para a próxima, será para a de 2016”, diz.

Com a possibilidade de menor quantidade de produto devido às condições climáticas nas principais regiões produtoras de café do Brasil, a Bolsa de Nova York vem registrando altas expressivas nos últimos dias, o valor médio da saca subiu quase 70%. Para o consumidor, o café também subiu cerca de 12%.

Se os números pessimistas se confirmarem, 2015 pode ser o terceiro ano consecutivo de queda de produção, o que seria o declínio mais longo desde 1965.

Déficit hídrico 2014

Variação da precipitação acumulada de janeiro a agosto entre os anos 2013 e 2014

Fonte: Notícias Agrícolas

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