Preços Agropecuários

Instabilidade política e preços das commodities alimentícias causam impactos na Segurança Alimentar global

Economist Intelligence Unit (EIU) atualiza Índice Global de Segurança Alimentar e revela aumento nos preços e leve queda na acessibilidade dos alimentos


Publicado em: 04/02/2014 às 20:50hs

Instabilidade política e preços das commodities alimentícias causam impactos na Segurança Alimentar global

Brasil mantém a 29ª posição no ranking global e vice-liderança na América Latina, atrás apenas do Chile.

O Economist Intelligence Unit (EIU) anunciou que os preços mundiais das commodities relacionadas a gêneros alimentícios registraram um ligeiro aumento no último trimestre de 2013, reduzindo a acessibilidade aos alimentos na maioria dos 107 países que compõem o Índice Global de Segurança Alimentar (http://foodsecurityindex.eiu.com). O índice, patrocinado e encomendado pela DuPont para aprofundar o diálogo sobre segurança alimentar, é elaborado anualmente e avalia a acessibilidade, a disponibilidade e a qualidade dos alimentos. O índice é ajustado todo trimestre para refletir o impacto das flutuações globais dos preços dos alimentos no nível da segurança alimentar de cada país.

“O Índice Global de Segurança Alimentar oferece uma nova dimensão para avaliar os principais fatores que afetam a segurança alimentar”, afirma James C. Borel, vice-presidente executivo da DuPont. "O valor dessa ferramenta está em sua capacidade de ajudar a determinar onde é melhor empregar os limitados recursos e gerar maior impacto."

Brasil

O Brasil ocupa a 29ª posição do ranking global, melhorando duas colocações quando o desempenho é comparado com a performance do país na época do lançamento do ranking (julho 2012), quando ocupava a 31ª colocação. No entanto, o país registra uma ligeira melhora em sua nota final, saindo dos 67.6 em julho de 2012 para 67.9 nesta nova edição do ranking.

Na América Latina, o Brasil é o segundo melhor país em Segurança Alimentar, ficando atrás apenas do Chile. Segundo os executivos do EIU, infraestrutura agrícola e PIB per capita interferem negativamente no desempenho do Brasil. No entanto, o país foi bem avaliado principalmente por seu compromisso com padrões nutricionais e pela volatilidade da produção agrícola. Mais informações sobre o país estão disponíveis no site http://foodsecurityindex.eiu.com.

Principais conclusões sobre fatores de ajuste de preços

No último trimestre de 2013, os preços globais das commodities relacionadas a gêneros alimentícios tiveram um aumento estimado de 1,39% em relação ao final de setembro, de acordo com o índice de preços de alimentos da Organização para Alimentação e Agricultura (Food and Agriculture Organization - FAO). Em grande parte, isso foi devido à elevação dos preços de produtos lácteos e carnes, que foi contrabalanceada pela queda dos preços do açúcar, cereais e óleo.

• A região da América Latina e Caribe (LAC) teve o maior declínio em segurança alimentar. A pontuação da região caiu 0,12, mantendo-a estável na quarta posição. Chile e Haiti, ambos com pontuações inalteradas em relação ao trimestre anterior, mantiveram-se como melhor e pior resultados gerais na região, respectivamente. Dos outros 17 países da região, apenas quatro (Bolívia, Panamá, Paraguai e Peru) tiveram avanços modestos em termos de segurança alimentar. Isso contrasta com o desempenho da região no último trimestre, quando todos os países, exceto Chile, experimentaram uma melhora na segurança alimentar. O Brasil mantém a vice-liderança em segurança alimentar na região.

• Mais uma vez, as maiores reduções no nível de segurança alimentar aconteceram em países vítimas de violência política — Síria e Sudão. A Síria apresentou a maior queda em segurança alimentar por conta da violência política que continua assolando o país. A taxa de câmbio também despencou, tendo perdido mais de 20% do valor ao longo do trimestre, e a renda per capita caiu mais de 3,6%. Além do rápido aumento dos preços, a disponibilidade de alimentos também está diminuindo por causa do conflito militar. O Sudão enfrentou a segunda maior queda no nível de segurança alimentar devido ao avanço da violência política. A moeda do Sudão perdeu 16,2% do valor no último trimestre.

• A Coreia do Sul teve o maior avanço em segurança alimentar. Sua classificação geral subiu dois pontos e alcançou a 23ª posição. A segurança alimentar sul-coreana foi favorecida pela elevação da renda, especialmente em comparação com outras economias desenvolvidas, e pela valorização significativa da moeda, o que reduziu os preços dos alimentos importados. A classificação para acessibilidade de alimentos subiu da 26ª para 22ª posição.

• A acessibilidade de alimentos na Europa Ocidental cresceu no quarto trimestre. A segurança alimentar melhorou em 50% dos países (13 de 26) da Europa incluídos no índice, o que representa mais de um terço de todos os países que experimentaram avanços na segurança alimentar. Globalmente, menos de 35% de todos os países do índice viram sua pontuação crescer. A Europa Ocidental se beneficiou com a modesta recuperação econômica e com o fortalecimento do euro. Muitos países da Europa — tais como a Bélgica, Holanda e Portugal — importam parcelas significativas de seus alimentos.

• As regiões do sudeste da Ásia-Pacífico e da Europa e Ásia Central foram as únicas duas que registraram um avanço geral na segurança alimentar durante o trimestre. As respectivas pontuações regionais aumentaram 0.18 (para 61 em relação à nota máxima 100) e 0,06 (70), deixando as regiões classificadas em terceiro e segundo lugar (no total de sete), respectivamente, atrás da America do Norte.

• A África subsaariana permaneceu sendo a região com mais baixa pontuação. A pontuação caiu 0.1 em relação ao trimestre anterior, registrando 33,3. Apenas dois países, Botswana e África do Sul, classificarem-se na metade superior do índice; no entanto, ambos viram suas notas caírem 0,1 e 0,3, respectivamente. Do total de 28, apenas cinco países da África subsaariana (Benin, Camarões, Costa do Marfim, Senegal e Serra Leoa) experimentaram avanços na segurança alimentar durante o quarto trimestre.

Depois de dois trimestres de queda, alguns preços de alimentos subiram lentamente acompanhando a recuperação da economia, embora os preços gerais dos alimentos estejam 14% mais baixos em relação ao pico recente no início de 2011. A elevação dos preços dos alimentos no quarto trimestre foi parcialmente compensada por um leve aumento na renda global por pessoa — aproximadamente 0,5%, de acordo com estimativas da EIU. Além dos preços mais altos dos alimentos, a maioria dos mercados emergentes continuou a ver depreciações significativas em suas moedas em relação ao dólar americano, enquanto as economias desenvolvidas, em geral, viram valorizações. Nesse sentido, a acessibilidade de alimentos melhorou na Europa, mas caiu na maioria das outras regiões.

O preço dos alimentos comprados mais frequentemente por conta de insegurança alimentar — cereais ou culturas básicas — teve uma queda ligeira de 1,8 ao longo do trimestre, de acordo com o índice de cereais da FAO. A EIU prevê que os preços dessas culturas permanecerão sob controle. A produção de milho tem se mostrado sólida — a previsão é que os estoques atinjam o nível mais alto dos últimos 12 anos. Os preços ficarão, em média, em torno de US$ 211 por tonelada este ano, abaixo do valor de US$ 265 em 2013. No mercado global de trigo, a ampla oferta deverá superar a demanda: isso deve gerar uma queda de aproximadamente 13% no preço médio do trigo este ano em relação a 2013. Os preços do arroz caíram muito no final de dezembro e, com a disponibilidade adequada em 2014, a previsão é que os valores permanecem estáveis este ano.

"A economia global deve se fortalecer em 2014, liderada pelos países mais ricos", afirma Leo Abruzzese, diretor global de previsões da EIU. "Ainda que isso possa aumentar a demanda por alimentos, muitos dos mercados emergentes não estão crescendo tão rapidamente quanto antes. Com a produção de alimentos sólida, de modo geral, e estoques com níveis elevados, não vemos os preços subindo para culturas básicas neste ano, um bom sinal para a segurança alimentar."

Sobre o Fator de Ajuste Trimestral do Índice Global de Segurança Alimentar

As atualizações trimestrais do quesito de acessibilidade do Índice Global de Segurança Alimentar servem para destacar a vulnerabilidade dos países a crises de preços dos alimentos, especialmente daqueles onde as populações já enfrentam desnutrição. O ajuste trimestral da EIU incorpora alterações em preços globais, conforme medido pelo amplamente utilizado Índice de Preços de Alimentos da FAO. A EIU modifica a variação de preços da FAO para cada país, examinando a relação histórica entre a inflação de preços dos alimentos global e nacional. A pontuação do país fica mais ajustada às mudanças estimadas da renda nacional e da taxa de câmbio durante o trimestre. Isso garante uma avaliação de alto nível das alterações de preços que podem contribuir ou prejudicar a segurança alimentar do país.

Para explorar o Índice Global de Segurança Alimentar, acesse http://foodsecurityindex.eiu.com/.