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Financiamento à exportação avançou 32% até fevereiro

De acordo com informações do Banco Central do Brasil (BC), os financiamentos do governo para as exportações vêm registrando um contínuo crescimento desde o final do ano passado


Publicado em: 15/04/2014 às 19:20hs

Financiamento à exportação avançou 32% até fevereiro

Os mais recentes dados divulgados pelo BC mostram que, até o mês de fevereiro deste ano, o financiamento às exportações acumulou um saldo de R$ 51,4 bilhões.

No mesmo período do ano passado, essa soma alcançou R$ 38,9 bilhões. Além disso, o ano de 2013 fechou com um saldo acumulado de R$ 50,3 bilhões.

Os dados por modalidade mostram que o financiamento de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) também vem acumulando aumento e, até o mês de fevereiro deste ano, obteve saldo de R$ 44,0 bilhões. No mesmo período do ano passado, o acumulado foi de R$ 44,4 bilhões. O ACC é uma modalidade onde há um adiantamento ao exportador na fase pré-embarque, através do financiamento à produção da mercadoria exportada. No ACC são aceitos tanto commodities como produtos manufaturados.

Outra modalidade é Programa de Financiamento à Exportação (Proex), que, por sua vez, apresenta menos expressividade na comparação com o ACC.

Dados da Câmara de Comércio Exterior (Camex) mostraram que o ano de 2013 fechou com um saldo de US$ 448,0 milhões em financiamento via Proex. Um valor maior do que no ano de 2012, que registrou US$ 429,1 milhões. O ano de 2011 foi o período de maior financiamento do programa, com um saldo de US$ 554,2. Diferentemente do ACC, o Proex realiza financiamento apenas para exportadores de produtos manufaturados.

Analisando todos os dados, observa-se que os ACC foram os principais responsáveis pelo aumento nos números dos financiamentos às exportações.

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o câmbio explica o aumento do ACC. "O ACC é justificado pelo valor do câmbio. Como a taxa básica de juros subiu, é normal que as empresas queiram antecipar a operação. Com a alta da Selic, a rentabilidade do mercado interno é maior", afirma Castro. "Além disso, a expectativa era que o dólar subisse. Não subiu. Então, como não há uma certeza se ele irá se elevar ou não, as empresas decidiram antecipar", completa.

Para o presidente da AEB, o aumento do financiamento também pode estar relacionado com os embarques antecipados da soja. "Pode ser que as empresas que estão exportando commodities, estejam antecipando o valor da exportação para garantir a taxa de juros tal como está hoje. Pois, mais a frente, o juros pode estar desfavorável a elas", comenta.

Para o professor de finanças do curso de administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Adriano Gomes, o ACC também representa um incremento na elevação dos números do financiamento. "O que podemos depreender desses dados é que os exportadores estão buscando cada vez mais financiamento para exportar. Há uma demanda muito grande por crédito", diz. "Em uma visão macro, podemos perceber que a torneira do financiamento foi aberta somente agora. Então há um volume represado de pedidos em carteira de exportadores que ainda não conseguiram embarcar suas mercadorias. Além disso, há um tempo entre a liberação do financiamento a exportação. Com isso, poderemos ver alguns reflexos desse financiamento daqui a dois meses nos números das exportações, com alguma recuperação delas", explica Gomes.

O presidente da AEB ressalta que aumento de financiamento não significa aumento das exportações. "O normal seria o financiamento estar caindo, porque os números das exportações brasileiras estão diminuindo", diz. Para ele, o financiamento do Proex é melhor para a economia. "É um financiamento que possibilita um crescimento saudável, pois se trata de financiamento às exportações de produtos manufaturados, onde o exportador tem controle sobre os preços", diz.

Para Castro, os números do Proex estão muito longe do ideal. "Os valores registrados no acumulado durante um ano inteiro ainda são muito baixos. Isso significa que estamos exportando menos", diz Castro.