Estudo da indústria calcula impacto de racionamento no PIB

Um racionamento de 10% no grupo "energia, água e gás" fará a economia brasileira encolher pelo menos 0,6% em 2015


Publicado em: 02/03/2015 às 19:50hs

Estudo da indústria calcula impacto de racionamento no PIB

Um racionamento de 10% no grupo "energia, água e gás" fará a economia brasileira encolher pelo menos 0,6% em 2015. Isso representa uma perda de R$ 28,8 bilhões no PIB (Produto Interno Bruto) de 2015.

É o que mostra estudo elaborado pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio), com base na metodologia de cálculo do PIB usado pelo IBGE, que considera os três insumos, em conjunto. O IBGE não divulga o peso separado dos três insumos na composição do PIB.

Isso quer dizer que, mantendo o gás em oferta estável, água e energia teriam que ter um corte um pouco maior para que o grupo todo uma queda de 10%, o parâmetro usado pela Firjan.

Lívio Ribeiro, chefe de estudos econômicos da Firjan, afirma que o exercício ajuda a quantificar o impacto de um choque na oferta de energia e de água no país, caso sejam decretados.

Além disso, segundo ele, conhecer de antemão o "preço" de um racionamento na economia contribui para minimizar seu efeito.

"O número já seria bastante significativo se a economia estivesse crescendo bem. À medida que a taxa de crescimento cai, esse impacto é ainda mais representativo."

Em 2001, o racionamento decretado pelo governo foi de 20%, e quem não o atendesse era sujeito a multas.

De acordo com a Firjan, a queda de 0,6% estimada na economia seria um mínimo, mas deve ser maior.

"Por usar dados do PIB, a conta mostra os efeitos na cadeia produtiva, considerando a participação desse grupo de energia, água e gás na como insumo de cada setor", diz Ribeiro. "Mas os efeitos são ainda maiores, porque a menor produção vai reverberar por toda a economia."

Alguns setores da economia dependem mais e outros menos de água, gás e energia. Na indústria extrativa (petróleo, mineração), 4,5% de seus insumos vêm desse grupo. Para o comércio, representa 7,1%. No setor de serviços, varia de 2% a 6%.

"O racionamento torna mais difícil o ajuste fiscal, devido ao desaquecimento da economia, e o controle da inflação, pelo aumento das tarifas. O número alerta melhor para a necessidade de medidas preventivas desses efeitos e dá a sociedade mais um argumento para o consumo racional", afirma Ribeiro.

Problema adicional

Para o empresário Mauro Varejão, da Brasilis Petra Mármores e Granito, na Baixada Fluminense, um racionamento seria um problema adicional em um cenário econômico "muito ruim". No ano passado, ele viu a receita cair 60%. Com menos encomendas, viu-se obrigado a demitir 60% dos trabalhadores, entre próprios e terceirizados.

"Não há criatividade que dê conta de compensar a desaceleração da economia por si só e aquela adicional, causada por um corte em água e energia e o inevitável aumento de tarifa. A recuperação é extremamente difícil."

Fonte: Folha de S. Paulo

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