Cana de Açucar

Estudo avalia impactos de sistemas de manejo da cana

Em estudo de doutorado da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri), a pesquisadora Rose Luiza Moraes Tavares avaliou a emissão de CO2 em solos sob sistema de colheita de cana crua (sem queima) e em solos de queimada do canavial


Publicado em: 04/07/2014 às 08:20hs

Estudo avalia impactos de sistemas de manejo da cana

Sua conclusão foi que, contrariamente ao que se mencionava na literatura, a emissão de gás carbônico no solo foi maior no sistema de cana crua. “Nosso achado derrubou o mito de que o sistema de queimada emite mais gás carbônico”, revela.

Contudo, a estudiosa faz uma ressalva: o sistema de cana crua, mesmo emitindo mais CO2 no estudo, mostrou ter efetuado uma emissão benéfica, isso porque o resíduo da cana – a palhada –, que permanece sobre o solo após a colheita, age como um verdadeiro tapete de proteção. Ela estimula a atividade dos organismos vivos, ocasionando uma maior emissão de CO2, visto que esse gás é o produto final da respiração dos seres que atuam no processo de decomposição dos resíduos orgânicos. A explicação é que a palhada libera compostos orgânicos fundamentais ao desenvolvimento da planta. Os organismos do solo são responsáveis pela sua degradação e, sem a sua presença, esse material ficaria difícil de ser decomposto.

Primeiro acontece o trabalho das operárias do solo: as minhocas, as formigas e outros organismos macroscópicos. Eles decompõem os resíduos mais facilmente degradáveis e depois aparecem os microrganismos – sobretudo fungos e bactérias, que no processo final transformam compostos orgânicos em minerais, os quais serão aproveitados pelas raízes das plantas.

Como há muita oferta de substratos sobre o solo no sistema de cana crua, há maior estímulo à atividade desses microrganismos que, por sua vez, acabam emitindo mais gás carbônico para o solo. Mesmo com a liberação de CO2 durante a decomposição microbiana, parte do carbono que seria liberado na queima é incorporado ao solo. Foi o que atestou esse projeto financiado pela Fapesp.

Isso não ocorre com a cana queimada. A palhada, ao invés de ficar no solo, é liberada para a atmosfera. Mas utiliza-se muito esse sistema para facilitar o corte manual, pois é muito difícil cortar a cana crua. E, após o corte, é levada às usinas para moagem e para ser transformada em açúcar ou álcool.

Hoje, o uso da mecanização, mais intenso na fase de colheita, vem sendo implementado de modo irreversível. Gradualmente, as pessoas vão cedendo lugar aos maquinários, fazendo a colheita nas lavouras ganhar em agilidade. A vantagem da colheita mecanizada, expõe, é que ela diminui, em maior medida, a emissão de gases poluentes de efeito estufa, como o óxido nitroso e o metano, sabidamente prejudiciais. Por outro lado, há que se reconhecer que esses gases, que participam do efeito estufa, são um fenômeno natural e importante à manutenção da vida no planeta, mantendo, em média, a temperatura próxima à superfície da terra em torno de 14°C. Caso não houvesse esse efeito, a superfície da terra seria 33°C mais fria,explica. O problema, a seu ver, é o aumento desses gases que está sendo feito de maneira indiscriminada, ocasionando uma série de fenômenos, como o aquecimento global.

Fonte: Canal-Jornal da Bioenergia

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