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Especialistas debatem o futuro da genética bovina mundial

Profissionais do Brasil, Canadá e Argentina se reuniram em Santa Catarina para consagrar a Genômica como instrumento definitivo de seleção e melhoramento dos rebanhos no mundo


Publicado em: 16/04/2018 às 14:20hs

Especialistas debatem o futuro da genética bovina mundial

A genética bovina de alta produtividade requer uso intensivo de tecnologia em inseminação artificial, reúne investimentos significativos e já mostra concentração intensa de empresas e oferta de produtos e serviços próprios pelas grandes corporações do segmento. O panorama, que já vem ganhando terreno entre os principais players de produção de carne e de leite, como o Brasil, foi examinado e debatido intensamente durante dois dias, em Timbó/SC, na 11ª edição da Convenção Nacional de Vendas da Semex Brasil, uma das maiores centrais de inseminação artificial do País, que alcançou, somente em 2017, um crescimento de 11%. Um mergulho em Genômica, tecnologia de alto nível e negócios de ponta, examinada por uma centena de especialistas em genética bovina do Brasil, do Canadá e da Argentina, que atuam ou colaboram com as empresas que formam o grupo Semex: Semex Brasil, Cenatte Embriões, Central Tairana e SCR Supply. "E nossa crença é de que este ano vai ser ainda melhor. Devemos crescer 20% em 2018 e manter vivo o objetivo de dobrar nosso faturamento até 2022”, afirmou o diretor-presidente da Semex Brasil, Nelson Eduardo Ziehlsdorff.

O executivo reiterou o potencial oferecido pelo segmento de Inseminação Artificial no Brasil e protocolos de IATF, um mercado que movimenta R$ 600 milhões por ano, mesmo utilizando 11,7% das 85 milhões de vacas com potencial de reprodução. Para isso, a empresa vai investir na importação de sete touros vivos, na implementação de projetos como UPGEN, na parceria com a AJAGRO e em investimentos no Genoma, além de trabalhar na capacitação de todos os colaboradores e incentivar novas parcerias com cooperativas leiteiras. “Vamos fazer uma profunda revisão de processos, ter um acompanhamento mais próximo das equipes técnica e de vendas, e explorar todos os campos que abrimos ao criar a nova Gerência de Exportação, a Coordenação Progressive Corte, além da contratação de um novo distrital para as regiões Centro-Oeste e Norte e nova técnica para a Regional Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, complementou Ziehlsdorff.

O vice-presidente Comercial Global da Semex, Gordon Miller, destacou o crescimento da empresa no mercado internacional, principalmente devido à mudança de cultura e orientação de negócios, iniciada há nove anos. “A empresa é líder em Genética desde 1958, mas hoje, pensar no futuro é sinônimo de investimentos muito significativos. Por isso, deixamos de ser uma ‘vendedora de sêmen’ para entregar programas e serviços. E passamos a ser uma empresa global de soluções genéticas, que garante ao cliente acesso à elite da genética, fertilidade de sêmen, estratégia em pesquisa e desenvolvimento, com reprodutores e doadoras. Uma companhia integrada. Afinal, atualmente, 80% das fêmeas da elite Global são controladas por dez conglomerados de genética, e não mais pelos produtores. É uma modificação importante do mercado. E o processo de concentração não vai parar por aí”, examinou Gordon Miller.

A Semex Global ocupa hoje uma posição de destaque no mercado, com 23% de Touros Elite entre os 1.000 Tops para TPI. “No Programa Progenesis, de Elite Genética, adquirimos diversas doadoras. Trabalhar com recria do plantel top de linha para manter animais próprios é a tendência cada vez mais seguida pelos gigantes do setor”, analisou Miller. Ele adianta que a empresa ainda mantém, hoje, 270 touros acima de 2.800 de TPI, 25 acima de 2.900 e 45 acima de 1.000 Mérito Líquido. E afirma que a Semex não tira mais o pé do acelerador do projeto chamado Touros Genoma. “O progresso genético vai se intensificar. Hoje, calculamos em até 149 pontos de ganho LPI ao ano. A genotipagem dos animais está em amplo crescimento. Só nos Estados Unidos, 1,3 milhão de vacas serão genotipadas até 2020. E a concentração do acesso à elite genética não vai parar. Apenas quatro empresas dominarão os processos, até 2022. E o fator ambiental tornando-se cada vez mais exigente, preocupando os consumidores e restringindo ainda mais a quantidade de fazendas produtoras no futuro. É neste cenário que a Semex quer assegurar acesso à elite genética mundial para nossos clientes. E a meta é ser a número um. Um verdadeiro parceiro de sucesso de cada cliente", concluiu.

A Semex está lançando diversas tecnologias e novas soluções desenvolvidas para o mercado. Na Pecuária de Corte, as novidades vêm nas áreas de Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF), ultrassom de carcaça, além dos touros que integram o catálogo da Semex e foram selecionados na Argentina, no Brasil e no Canadá. “O processo de seleção envolve reprodutores de famílias consistentes, linhagem maternal forte, avaliações genéticas e funcionais, positivas para AOL e Marmoreio. A Semex tem o touro de Maior Marmoreio no Brasil, Grosso, com 7,03. Ofertamos genética que agrega lucratividade ao negócio, resultados no campo”, disse Antônio Carlos Sciamarelli Júnior, Gerente de Produto Corte da Semex Brasil.

Liliane Suguisawa, da DGT, empresa americana de softwares que conta com um milhão de animais avaliados por ultrassonografia, reforçou a importância do uso de animais provados para melhorar a qualidade da carne brasileira, como o Ultra Man, o touro nelore de carne mais macia do Brasil na bateria Semex. “O consumo deste tipo de carne está em alta e a produção brasileira não acompanha. Abatemos bois com mais de trinta meses e sem espessura de gordura subcutânea. Nos EUA, a diferença paga pela indústria entre carnes premium e carne comum chega a 50 dólares por arroba. Podemos melhorar a vacada brasileira, que é Nelore e aguenta nossa diversidade de solo e clima, mas não tem marmoreio na carne, com sêmen, com touro. Unindo herdabilidade do touro e seleção de boas fêmeas. Vai ser uma carne imbatível. Mas não dá para demorar a investir porque a primeira cria só vem depois de três anos”, alertou.

O pecuarista Aderbal Caiado, da Fazenda Nova Piratininga, é produtor de carne de qualidade e mantém parceria com a Semex há dois anos. Com mais de 45 mil fêmeas na IATF - programa este que já usa há seis anos - alcançou 63,77% de taxa de prenhez na estação 2016/2017. “E ainda repassamos o touro no restante das fêmeas que não emprenharam. Assim, chegamos a 80%. São números importantes. Temos conseguido sucesso, fornecendo carne Angus e Nelore para boutiques de carnes reconhecidas”, resumiu.

No setor da pecuária leiteira, chamam a atenção os programas de acasalamento e gerenciamento do progresso genético dos rebanhos, ferramentas de monitoramento de cio e de controle e detecção de problemas de saúde em vacas, o novo Catálogo de Leite Tropical, que apresentou os principais raçadores, as opções de negócios para os produtores de Gir, Girolando, Guzerá e Sindi, além do lançamento de um programa inédito direcionado para a produção de embriões, o UpGen, desenvolvido pelo Cenatte em parceria com a empresa canadense Boviteq, líder mundial em pesquisa e desenvolvimento de embriões. “Esta parceria de comercialização de produtos e serviços entre Cenatte e Boviteq vai resultar em um upgrade genético nos rebanhos de leite e corte no Brasil, abrindo novas oportunidades. E seguimos buscando aumentar progressivamente a porcentagem de prenhez com produtores reconhecidos, novas técnicas e parcerias com empresas de reconhecida experiência”, afirmou Rodrigo Daneluzzi Fiorani, gerente-geral do Cenatte.

E um balanço feito pelo Gerente do Programa Progressive Leite da Semex Brasil, Flávio Junqueira, destacou os principais dados do programa em nove anos e o olhar profissional que um número maior de pecuaristas passa a utilizar, ano após ano. “O programa é consistente. Temos touros que venderam mais de cinco mil doses. 22% dos top 100 no Brasil são clientes Semex Progressive. Temos 160 clientes em seis estados. E, neste ano, 48 mil vacas em lactação. O objetivo é atender de forma diferenciada, trabalho em equipe, planejamento genético profissional. Temos clientes com dez anos de parceria”, relatou. Flávio ainda reforça que o pecuarista moderno quer foco em saúde, ênfase em GTPI e Taxa de Prenhez das Filhas (Daughter Pregnancy Rate - DPR). “Temos produtores espalhados pelo Brasil que alcançam altas taxas de prenhez e picos de 39 quilos de leite. Na genética agrícola, o investimento vai embora depois da colheita. No leite, não, ele permanece no rebanho e é transmitido de geração em geração", sentenciou Flávio Jun
queira.

Outra novidade é o programa Progenesis que utiliza a Genômica para identificar os melhores animais. A unidade modelo instalada no Canadá é considerada inigualável. Cinco galpões para 25 bezerros cada, sistema ‘tudo dentro, tudo fora’, animais produzidos para a Europa, livres de doenças, controle absoluto de entrada de pessoas, com cem doadoras ativas, mortalidade abaixo de 1%, coleta de amostra de sangue e controle sobre o colostro. “O Progenesis identifica novas famílias e trabalha com opções de cruzamento para garantir a diversidade genética. As fêmeas serão usadas no programa como mães de futuros reprodutores”, enfatizou Cláudio Aragon, Diretor de Mercados. Os primeiros touros Progenesis nascidos no Brasil já estão na central Tairana para coleta de sêmen.

No geral, a Tairana conta atualmente com 120 reprodutores em coleta e tem possibilidade de exportar esse material genético coletado para mais de cinco países. “São 50 touros por coleta todos os dias. Com uma produção de sêmen que ultrapassa o teste de termorresistência de 2h, a Tairana ainda garante uma concentração de 30 milhões de espermatozoides por palheta. Certamente, é por tudo isso que o número de visitas na Central só cresce”, comemoraram Tatiana Berton, Gerente Geral, e Pedro Diego Faria de Araújo, Gerente Técnico Comercial da Central Tairana.

Os investimentos da empresa em tecnologia no mundo inteiro atendem às mais diversas exigências. “A velocidade da genética hoje é cinco vezes maior do que em qualquer outra época. A tendência mundial é trabalhar com genética própria. Sessenta por cento dos melhores touros GTPI são de propriedade da Semex. Os touros top serão retidos para banco próprio. E a rotação deles vai ser muito maior”, detalhou Horácio Larrea, Diretor da Semex Alliance para a América Latina e Europa Ocidental. Já o Programa Optimate busca maior progresso genético com otimização de acasalamento. É o início de uma nova etapa, usando informações Genômicas para este fim. “Queremos oferecer esta solução para clientes-chaves da Semex ainda neste ano”, completou Larrea.

Fonte: Grupo Publique

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