Soja

Escoamento da soja ainda é desafio para produtores

A produção de soja em Minas Gerais apresentou novo recorde na safra 2017/18


Publicado em: 04/07/2018 às 19:20hs

Escoamento da soja ainda é desafio para produtores

A produção de soja em Minas Gerais apresentou novo recorde na safra 2017/18. De acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Estado colheu 5,54 milhões de toneladas da oleaginosa, volume 9,4% maior que o registrado no ano anterior. Apesar do volume recorde e da maior liquidez em relação aos demais grãos, as expectativas em relação à próxima safra são cautelosas, em função da queda de preços, aumento dos custos de produção e problemas envolvendo o escoamento da safra após o governo interferir nos preços do frete.

De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Minas Gerais (Aprosoja MG), Wesley Barbosa de Freitas, a safra 2017/18 de soja em Minas Gerais foi muito positiva em relação ao cultivo. Em mais um ano recorde de produção, o clima e o aparato tecnológico aplicado nos campos fizeram com que a produção ficasse 9,4% superior, somando 5,54 milhões de toneladas.

A cultura da soja, por ser mais rentável e permitir a implantação de mais uma safra no ano, fez com que os produtores expandissem a área de cultivo, que ficou 3,6% maior e totalizou 1,5 milhão de hectares. O aumento ocorreu em áreas antes dedicadas ao milho primeira safra.

O clima adequado para o desenvolvimento das lavouras, aliado aos pacotes tecnológicos, também contribuiu para o aumento da produtividade. O rendimento médio por hectare na cultura da soja foi de 3,67 toneladas, variação positiva de 5,6%.

“A soja tem grande importância econômica e social em Minas Gerais, por ser uma cultura que gera empregos, renda e divisas para o Estado. Nos últimos anos, a produção vem crescendo e viabilizando o plantio da safrinha, principalmente de milho. Além de poder plantar duas safras, o que gera maior rendimento para o produtor, após o cultivo da oleaginosa, a produtividade do cereal é favorecida devido à disponibilização de nitrogênio no solo”, explicou Freitas.

Comercialização

Apesar das vantagens produtivas, a comercialização da soja em 2018 está aquém do esperado pelos produtores. Este ano está sendo marcado pela queda de preços e aumento de custos, o que limita a margem dos produtores e pode desestimular o plantio na próxima safra.

“A comercialização da soja está uma lástima. O produtor investe cada vez mais em tecnologias para ter mais eficiência, mas a margem está cada vez mais achatada. Isso é resultado de impostos muito altos e dos preços de insumos, principalmente dos combustíveis, elevados. Quando comecei na atividade não se fazia conta para óleo diesel, hoje é uma das coisas mais caras na produção. Estamos produzindo mais e ganhando muito menos”, disse.

Em relação aos preços, a saca de 60 quilos da soja é negociada, em média, a R$ 70, enquanto os custos estão próximos a R$ 60 a saca. Há dois anos, a cotação média estadual era de R$ 93 a saca.

Frete

Ainda segundo Freitas, a paralisação dos caminhoneiros, em maio, prejudicou ainda mais os negócios envolvendo a soja. Por cerca de 20 dias o escoamento ficou parado. A situação se agravou com o tabelamento do frete, medida adotada pelo governo federal para encerrar a greve dos caminhoneiros, e que encareceu e ainda trava a entrega da soja nos portos e de insumos para a próxima safra.

“Nossa comercialização foi interrompida com a greve dos caminhoneiros e segue travada com os preços do frete. Ainda tem o agravante de que os insumos, que serão usados no preparo do solo para a próxima safra, não estão chegando por estarem parados nos portos. A atitude do governo, em controlar o valor do frete, prejudicou muito a atividade. Somente o reajuste da tabela gerou um aumento de R$ 5 nos custos de cada saca de soja. O produtor está com dificuldades em atender contratos, tivemos navios partindo vazios pela falta da soja e as consequências podem ser o cancelamento de contratos, penalidades e multas”, explicou.

Vazio sanitário já está em vigor no estado

A safra 2017/18 de soja já foi encerrada em Minas Gerais. De primeiro de julho a 30 de setembro será realizado o vazio sanitário da oleaginosa. No período, fica proibido o cultivo da cultura. Os produtores devem eliminar todas as plantas vivas nas lavouras de Minas Gerais.

De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Minas Gerais (Aprosoja MG), Wesley Barbosa de Freitas, o vazio sanitário da soja é fundamental para o controle da ferrugem asiática, que causa prejuízos significativos na produção. “O produtor precisa ficar atento e respeitar o vazio sanitário, que é uma forma eficaz de reduzir e controlar a ferrugem asiática”, explicou Freitas.

Segundo as informações divulgadas pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), a estimativa é fiscalizar 758 propriedades em todo o Estado ao longo do vazio sanitário da soja. As fiscalizações acontecem, principalmente, nas regiões Noroeste, Triângulo e Alto Paranaíba, que concentram o maior volume de produção do grão. As fiscalizações serão frequentes também nas áreas de abrangência das coordenadorias regionais do IMA em Montes Claros, Passos, Oliveira e Varginha.

Durante a fiscalização, ao constatar a presença da planta na propriedade, o fiscal do IMA orienta o produtor a fazer a sua erradicação em até 10 dias. Ao retornar à propriedade ao final desse prazo, caso a plantação não tenha sido erradicada, o produtor poderá ser multado em 1,5 mil Unidades Fiscais do Estado de Minas Gerais (Ufemgs), o equivalente a R$ 4.877,10.

Fonte: Diário do Comércio

◄ Leia outras notícias