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Embaixador diz que Reino Unido deve aumentar relação com Brasil após Brexit

Segundo ele, o primeiro passo nessa direção "é abrir as negociações entre Reino Unido e União Europeia"


Publicado em: 22/07/2016 às 20:00hs

Embaixador diz que Reino Unido deve aumentar relação com Brasil após Brexit

O embaixador do Reino Unido no Brasil, Alex Ellis, assegurou na última terça (19), durante palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro, promovida pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), que a saída do país do bloco da União Europeia abre perspectivas de ampliação de acordos comerciais com o Brasil, inclusive na área agrícola.

Segundo ele, o primeiro passo nessa direção "é abrir as negociações entre Reino Unido e União Europeia". A saída do Reino Unido da UE tem de ser negociada e, depois, ratificada, o que deverá durar cerca de dois anos.

O embaixador afirmou que a vitória do Brexit (abreviação de Britain, que significa Grã-Bretanha, e exit, que designa a saída do Reino Unido do bloco europeu), levanta possibilidades em termos de comércio com terceiros. Advertiu, no entanto, que "tudo pela frente é especulação".Alex Ellis disse que, ao mesmo tempo, "temos de ver as oportunidades para nossa vida pós-União Europeia. O Brasil é um dos países que temos interesse em reforçar os laços comerciais. Mas terá de ser passo a passo. Há vários países pedindo para fechar acordos conosco, mas temos de priorizar, pensar. É claro que o Brasil é muito importante para nós. Espero que nos próximos dez anos possamos até aumentar nossas relações".

Conforme Ellis, informaram que o Reino Unido será mais liberal em relação a uma política agrícola separada da União Europeia. Acrescentou, porém, que as consequências do Brexit ainda são desconhecidas.

O embaixador lembrou que, na área agrícola, o Reino Unido tem produtores também na Escócia e Irlanda "e não sabemos como eles vão reagir" a uma eventual política de menor protecionismo. "Parece que será mais liberal, mas temos de aguardar". Admitiu que talvez seja mais interessante esperar que a União Europeia avance na direção de um acordo com o Mercosul para depois importá-lo para a legislação nacional.

Alex Ellis disse também que é difícil prever qual será a consequência do Brexit sobre outros países do bloco europeu. Afirmou que quase todas as nações entraram na UE como um ato de afirmação e experimentaram crescimento com essa atitude. Segundo ele, o Reino Unido não experimentou nenhum boom de crescimento por entrar no bloco. "A associação da União Europeia com liberdade e prosperidade não existiu no Reino Unido, como ocorreu em todas as demais nações."

Fluxo migratório

Em relação ao papel da imigração no resultado - 52% favoráveis ao Brexit e 48% pela permanência na UE -, Ellis informou que mais importante que a sensação de números da imigração é a sensação de falta de controle. O fluxo migratório foi intenso ao se abrirem as fronteiras do Reino Unido. "A meu ver, o sentimento na política de falso controle é muito perigoso. Foi uma grande mudança no nosso país e não podemos fazer nada. Provoca sentimentos difíceis".

O embaixador Marcos de Azambuja, conselheiro do Cebri, destacou que o Reino Unido não pode negociar nada enquanto ainda estiver dentro do bloco. Em relação à possibilidade de um acordo com o Brasil, admitiu que ficou mais fácil. "Todo acordo one a one é melhor do que um acordo com a UE, onde há 28 países com interesses divergentes. Todo acordo agrícola para o Brasil é necessário, mas para os outros é complicado, porque o Brasil é competitivo nessa área."

A economista Lia Valls, da Fundação Getulio Vargas, concordou que o cenário ainda é muito incerto. "Não dá para afirmar nada". Segundo ela, o Reino Unido terá de negociar com a União Europeia e depois ratificar sua saída do bloco, antes de pensar em negociar algum acordo com terceiros países. "Enquanto isso, fica uma situação de muita incerteza", concluiu.

Fonte: Agência Brasil

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