Publicado em: 21/11/2017 às 09:20hs
Nesse cenário que se apresenta, decisivo para o meio ambiente e a reversão das mudanças climáticas, nosso país está na vanguarda: segundo os últimos dados oficiais do Ministério das Minas e Energia (2015, divulgados em maio de 2016), as fontes renováveis totalizaram participação de 41,2% na matriz nacional (sendo 16,9% relativos à cana-de-açúcar, cada vez mais estratégica). Nosso indicador é quase três vezes superior à média global, de apenas 13,8%. O País também se destaca no tocante aos dados específicos da geração elétrica, com 74% de renováveis, ante 23,8% no restante da Terra.
Essas informações constam do boletim Energia no Mundo 2014-2015, divulgado anualmente pela Secretária de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME). Ao se confrontar seu conteúdo com o novo estudo agora apresentado pelas Nações Unidas, realizado pela Rede de Energias Renováveis para o Século 21 (REN21), em parceria com a ONU Meio Ambiente, percebe-se com clareza a posição diferenciada e privilegiada do Brasil.
Nosso país tem tudo para avançar ainda mais, cumprindo os compromissos que assumiu no âmbito do Acordo de Paris, de aumentar a participação das fontes renováveis na matriz nacional para 45%, até 2030. Isso, além da geração hidrelétrica, que, em tese, responderia pelos restantes 55% no total utilizado para mover toda a nossa economia. Assim, tornam-se decisivos o etanol, o biodiesel/bioquerosene, a energia gerada a partir da biomassa (bagaço e palha de cana, eucalipto e outras fontes), solar e eólica.
Estamos na frente, mas não ganhamos o jogo. Ainda carecemos de transição tecnológica, uma das bases do Acordo de Paris, bem como linhas de financiamento, para que a indústria de transformação seja cada vez menos intensiva em carbono e mais competitiva. Como impulso, o aporte de recursos financeiros internacionais do Fundo Verde (Green Climate Fund) e de outras fontes, internas e externas, é avaliado como essencial pelos setores produtivos.
É importante enfatizar o significado do agronegócio nesse contexto, pois boa parte da energia renovável que produziremos para nossa economia e o mundo, nesse processo de transformação contemplado no estudo das Nações Unidas, virá do cultivo da terra. Já demos imensa contribuição ao desenvolver no País tecnologias como a dos veículos flex e ao demonstrar na prática que os biocombustíveis são econômica, social e ambientalmente viáveis e corretos.
Para consolidar sua posição no mundo novo sem carbono, é fundamental que o País também proteja o meio ambiente, conforme preconiza a Campanha da Fraternidade 2017, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e cujo tema é coerente com nossos compromissos perante o Acordo de Paris: “Biomas brasileiros e defesa da vida”. O Papa Francisco, que tem defendido posições corajosas e avançadas, já observava, em sua Encíclica Laudato Si, em 2015, a necessidade de respeito à criação divina e a obrigação fraterna do homem em preservá-la.
Estamos vivenciando a quarta revolução industrial, denominada Manufatura Avançada. O próximo passo, também em curso, é a Economia das Energias Renováveis, que poderá transformar o Brasil numa grande potência. Precisamos trabalhar com determinação e foco para assegurar essa condição fundamental à nossa competitividade e desenvolvimento.
João Guilherme Sabino Ometto, engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), é vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo São Martinho, vice-presidente da FIESP e Membro da Academia Nacional de Agricultura.
Fonte: Ricardo Viveiros & Associados - Oficina de Comunicação
◄ Leia outras notícias