Mas a verdade é que, no bimestre junho/julho, o desempenho da avicultura de corte fugiu sobremaneira ao padrão normalmente apresentado pelo produto nesta época do ano.

Uma rápida demonstração: nesse mesmo bimestre, nos 18 anos decorridos entre 1996 e 2013, o frango vivo obteve valorização média de 14,12%, com picos de mais de 30%. E em apenas uma ocasião registrou desvalorização no bimestre (em 2006, ano da “crise da Infuenza Aviária”).

À primeira vista, índices do gênero deveriam ser considerados anormais. Mas não são. Os ganhos de junho/julho (e não só do frango, mas também do boi e do suíno) são típicos do período e marcam o início da entressafra da carne. Cuja chegada em 2014 ainda não foi detectada.

A despeito disso, o frango não deixou de registrar a tradicional evolução de preço no período. Mas o ganho observado foi marginal, de apenas 1,5%, ficando notoriamente aquém da média registrada nos 18 anos anteriores.

No tocante a julho, especificamente, o preço médio do mês correspondeu a incrementos de 4,12% e de 2,44%, sobre, respectivamente, o mesmo mês do ano passado e o mês anterior. Mesmo assim foi o terceiro pior resultado em 12 meses, só ficando acima (mas por pequena diferença) dos valores registrados em maio e junho.

Aqui, é inevitável retornar à média dos últimos 18 anos, comparando-a com o resultado atual. E o que se constata é que enquanto a média “histórica” aponta, para julho, preço médio cerca de 8% superior à média do ano anterior, em 2014 essa média se encontra a menos de 90% do preço médio de 2013. Ou seja: transcorridos os sete primeiros meses do ano em apenas uma ocasião (março) a remuneração média obtida pelo produto superou o valor de um ano antes. Mesmo assim, por margem mínima.

Infelizmente, considerando apenas as condições de consumo, a tendência é de ampliação da margem negativa. Basta considerar que entre agosto e dezembro de 2013 o frango vivo alcançou valor médio de R$2,65/kg (quase 18% a mais que a cotação inicial de agosto/14), com picos de R$3,00/kg. É um desempenho difícil (senão impossível) de repetir-se.