Milho e Sorgo

Demanda eleva preço do milho e pode estimular maior plantio na safrinha

Cotação do cereal chegou a registrar alta de até 42% nos últimos 30 dias, segundo a AgRural; ainda que o cultivo cresça na segunda safra, área não deve superar a alcançada na temporada anterior


Publicado em: 20/03/2018 às 16:20hs

Demanda eleva preço do milho e pode estimular maior plantio na safrinha

A demanda aquecida pelo milho brasileiro, tanto no mercado interno quanto externo, deve levar a um aumento dos preços médios da saca na safra 2017/2018. Segundo o Rabobank, o valor deve ficar entre R$ 33 e R$ 35 neste ciclo, ante média de R$ 30 por saca na temporada passada.

Ainda assim, o Rabobank espera que os preços sigam voláteis no segundo trimestre até que a safrinha seja definida. Relatório do banco estima produção de 60,5 milhões de toneladas no período, ante 62,1 milhões de toneladas no ciclo passado, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Esse leve recuo da produção deve se somar a uma safra verão projetada em 25 milhões de toneladas – a menor para o período nos últimos 20 anos, estima o Rabobank. Dessa forma, a produção total de milho neste ciclo deve atingir 85,5 milhões de toneladas, ante 87,2 milhões de toneladas no ciclo passado, conforme a Conab.

De acordo com o engenheiro agrônomo e analista de mercado da AgRural, Adriano Gomes, o aumento da cotação do grão no último mês deve estimular produtores a plantar mesmo fora da janela ideal para cultivo. “Esse movimento deve estancar a queda projetada para a área de milho safrinha neste ciclo”, analisa.

No início de fevereiro, a consultoria estimava uma retração de 4,2% na área da segunda safra. Em março, revisou a queda para 3,6%, o equivalente a 11 milhões de hectares.

Valorizações como a registrada em Dourados (MS) explicam a mudança. O preço da saca do milho disponível aumentou 42% nos últimos 30 dias na praça, para R$ 34 a saca. O grão produzido na região sul do estado é vendido para granjas do Sul do País. “O produtor está segurando o grão na expectativa por preços melhores”, avalia Gomes.

No oeste do Paraná, a valorização nos últimos 30 dias foi de 27,5%, para R$ 35 a saca. A redução progressiva do plantio de milho verão tem dado suporte aos preços do grão da primeira safra, que tem como foco o mercado interno. Além disso, a alta das cotações do frete devido ao escoamento da safra recorde de soja tem encarecido os preços do cereal.

De acordo com análise do Rabobank, a demanda externa pelo grão brasileiro também deve continuar aquecida e as exportações devem atingir 30 milhões de toneladas, volume próximo das 29,2 milhões de toneladas embarcadas no ano passado. Já a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aposta em um incremento nos embarques, para 35 milhões de toneladas.

No cenário internacional, os preços devem ser sustentados por uma menor oferta na Argentina, que deve registrar perdas entre 6 milhões e 8 milhões de toneladas neste ciclo– e também pela perspectiva de redução de área, e consequentemente de produção nos Estados Unidos.

Plantio

Conforme o assessor técnico da CNA, Alan Malinski, 80% da área de milho prevista para a segunda safra já foi cultivada no País. “Entre 20% e 25% do total serão cultivados fora da janela ideal de plantio, que terminou no fim de fevereiro, o que implica em um maior risco e uma menor produtividade”, esclarece.

A área cultivada na safrinha deve atingir 11,7 milhões de hectares, segundo o Rabobank, devido ao atraso no plantio da soja. Na temporada passada, a área cultivada foi de 12,1 milhões de hectares.