Soja

Como incrementar a produtividade nas lavouras de soja?

Investimento no perfil de solo, escolha adequada das variedades específicas para cada tipo de região, estimulação de sementes e correta nutrição de plantas são algumas ações que podem auxiliar na elevação do rendimento de uma lavoura de soja


Publicado em: 24/04/2018 às 15:00hs

Como incrementar a produtividade nas lavouras de soja?

Sabemos hoje da importância de se ter um perfil de solo corrigido, com uma dinâmica de nutrientes que estejam adequadas a sistemas de alta produção. A adição do complexo microbiológico e da matéria orgânica no solo é algo excepcional para alcançar esses grandes tetos de produção. Ou seja, se falo em aumento de produtividade, automaticamente tenho que elevar a matéria orgânica disponível.

Após esse processo de correção, é dado início de fato a implantação da cultura. Nesse momento, o agricultor tem que ter cuidado na escolha do material genético que melhor se adapta a sua região e que está mais condicionado a responder as suas condições locais de solo, de fertilidade e de clima.

Por exemplo: tenho um material com alto teto produtivo, porém a área em que o coloco não disponibiliza todo o nutriente que ele precisa para responder bem. Então, embora eu esteja com um material adaptado para a região, ele está sendo colocado em um local que não vai haver resposta.

Outro exemplo está nos materiais que são mais tolerantes a situações estressantes, como escassez hídrica ou grandes chuvas durante a colheita, e que respondem melhor em produtividade nessas condições. Portanto, o produtor deve estar atento ao tipo de material genético. Escolha, faça testes na propriedade e passe a usá-lo a partir do momento em que se adaptar a sua propriedade.

Ok, material escolhido, e o próximo passo é definir o tratamento e a estimulação de sementes que visa melhorar a condição de estabelecimento da mesma para que ela possa emergir com alto vigor. O agricultor e sua equipe técnica devem trabalhar com a inoculação, fonte de nitrogênio praticamente gratuita dentro do sistema; e com os enraizantes, produtos que estimulam a divisão celular, o complexo de fixação de nitrogênio e o desenvolvimento da planta na parte área de forma mais vigorosa. Outro ponto importante é atrelar o biológico ao químico. É preciso melhorar a eficiência de fungicidas e inseticidas, além de conferir dinâmica e sustentabilidade ao sistema.

Passada a fase emergencial, entramos na parte vegetativa da planta, em que pode acontecer diversas intempéries e o produtor deve ficar atento. Vale lembrar que mesmo após a implantação da lavoura, ainda existem cuidados para manter o potencial produtivo, pois os principais gargalos hoje são fitossanitários e nutricionais.

Dentro dos fitossanitários, as pragas têm sido recorrentes no país. Ainda temos a presença de muitas doenças graves como a mancha-alvo ou a ferrugem, por exemplo. Fungicidas com amplo espectro e com a capacidade de controle de ferrugem são essenciais ao sistema e vão reduzir ao máximo as perdas causadas pelas doenças.

Mas, observamos no campo que o que tem mais respondido ao aumento da produção é a correta nutrição mineral de plantas. Saímos do manejo de aplicação nutrição foliar baseada só em corretores para produtos que também trabalham a fisiologia da planta como veículo de altas produtividades. Isso passa pelo uso de volumes corretos de nutrição e utilização de aminoácidos para melhorar a condição de uso da água da planta, sua capacidade de se resfriar e de tolerar melhor o estresse.

É preciso manter a planta nutrida e proteger as estruturas. Por exemplo: a folha tem que ser fotosinteticamente ativa o máximo possível e a planta precisa estar reproduzindo. Tem que garantir a máxima divisão celular nas vagens e nos grãos para atingir grãos pesados e vagens com o máximo de grãos possíveis. Dependemos da nutrição sequenciada. Não basta em sojas de alto potencial produtivo, depositar a esperança do potencial da planta simplesmente no que foi colocado no solo; precisamos estimulá-la a assimilar o que foi ao solo e utilizar melhor esses nutrientes em sua parte área, um grande desafio do fitotecnista da atualidade.

Feito tudo isso, será atingido excelentes resultados. Na medida em que as safras se avançam, o produtor se especializa, as pesquisas chegam ao campo e a transferência de tecnologia vem por meio de novos produtos e novas variedades. Fazendo essa mescla de conhecimento e implantando as ações em sua propriedade, o agricultor tem como limitação de produção apenas os próprios limites da capacidade do sistema e a interação com o ambiente.

O importante é que enquanto conseguirmos aumentar essa produtividade, quebramos tetos e paradigmas e vamos provando que uma agricultura mais eficiente torna-se também mais produtiva e economicamente viável.

Por Ricardo de Andrade, engenheiro agrônomo, mestre e doutor em Fitotecnia e coordenador de desenvolvimento da Fertiláqua no MATOPIBA

Fonte: Grupo Fertiláqua

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