Aveia, Trigo e Cevada

Com oferta elevada, cotação do cereal cai em plena entressafra

A comercialização de trigo da nova safra brasileira, que será recorde, traz preocupação aos produtores


Publicado em: 22/07/2014 às 11:30hs

Com oferta elevada, cotação do cereal cai em plena entressafra

Neste momento, o mercado está no pico da entressafra do cereal, mas os preços estão despencando, reflexo dos estoques elevados e da demanda mais fraca.

A Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) considera que, após três safras de preços altos, os produtores podem precisar de ajuda do governo para comercializar a produção. O Paraná deve reassumir em 2014 o primeiro lugar na produção nacional de trigo com a colheita de 4 milhões de toneladas.

O diretor técnico da Ocepar, Flávio Turra, diz que os preços do trigo pão tipo 1 no Paraná recuaram R$ 100 por tonelada, para cerca de R$ 680, desde que o governo liberou, no fim de junho, a importação de 1 milhão de toneladas sem a cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC). "Esperamos que isso não aconteça, mas é possível que os preços caiam abaixo do preço mínimo estipulado pelo governo, que é de R$ 557,50 por tonelada, o que seria o gatilho para acionar ajuda na comercialização", afirma Turra.

Em cerca de 30 dias, o preço da farinha de trigo recuou 5,9% no mercado de São Paulo, segundo a agência AFNews. A tendência é que os preços arrefeçam ainda mais.

De acordo com a última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção nacional de trigo, que tem como principais fornecedores os Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul, deverá somar 7,4 milhões de toneladas este ano.

A perspectiva de maior oferta interna deve reduzir a necessidade de importação. A previsão da Conab é de que as compras externas de trigo do Brasil, que chegaram a 7 milhões de toneladas em 2012 e 6,4 milhões de toneladas em 2013, sejam de 5,5 milhões neste ano, segundo a Conab.

O presidente do conselho deliberativo da Abitrigo, Marcelo Vosnika, diz que os estoques de trigo e farinha de toda a cadeia - desde moinhos até distribuidoras e indústria de macarrão e biscoitos - foram mais alongados, devido à perspectiva de problema de abastecimento e do esperado crescimento da demanda devido à realização da Copa do Mundo. "Todos os moinhos estavam abastecidos, diante de uma escassez que não aconteceu".

O problema, segundo ele, é que uma boa parte dos estoques dos moinhos foi adquirida a preços mais elevados e agora, com os preços da farinha em queda, haverá um aperto das margens. "Isso sem contar que está havendo um custo de carregamento desse estoque".

A perspectiva de queda dos preços internos faz com que o mercado fique ainda mais retraído, na medida em que os clientes dos moinhos tendem a manter estoques baixos, na expectativa de comprar a farinha a valores ainda mais baixos, avalia o presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih.

Como efeito ao longo da cadeia, espera-se um ano de comercialização difícil para os produtores de trigo do país. "As indústrias daqui para frente não manterão estoques altos, na expectativa de entrada da supersafra de trigo", afirma Pih.

Fonte: Canal do Produtor

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