Chuvas em áreas produtoras de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul prejudicaram a moagem de cana-de-açúcar na primeira quinzena de julho no Centro-Sul do Brasil. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), o processamento totalizou 41,33 milhões de toneladas, 6,44% menos que as 44,17 milhões de toneladas moídas na segunda metade de junho e 3,88% abaixo das 42,99 milhões de toneladas observadas em igual quinzena de 2013. Segundo o diretor técnico da entidade, Antonio de Padua Rodrigues, "a retração da moagem na primeira quinzena de julho se deve às chuvas que ocorreram no sul do Estado de São Paulo, no norte do Paraná e em boa parte do Mato Grosso do Sul, além de manutenção industrial programada e da redução do ritmo de moagem em várias unidades produtoras devido à menor oferta de cana".

No acumulado desde o início da safra 2014/15 até 16 de julho, a moagem alcançou 244,38 milhões de toneladas, crescimento de 8,26% em relação àquela verificada no mesmo período do último ano (225,73 milhões de toneladas). Em relação à produtividade agrícola, informações apuradas pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) mostram que o rendimento da área colhida atingiu 79,30 toneladas de cana por hectare em junho, queda de 4,10% frente a igual mês do ano anterior. No acumulado desde o início da atual safra, a quebra agrícola alcançou 6,1%.

Para Rodrigues, "a condição do canavial é muito heterogênea entre as regiões produtoras: em alguns locais a produtividade da lavoura está acima daquela observada em 2013, enquanto que em outros a quebra agrícola ultrapassa 20%". No agregado do Centro-Sul, a expectativa é que a redução na produtividade se acentue nos próximos meses, devido à colheita da cana com menos de 12 meses e de áreas mais afetadas pela seca prolongada, complementou. Em São Paulo, a quebra agrícola acumulada até o final de junho alcançou 8,50%, enquanto a moagem acumulada para o mesmo período cresceu 9,80% no comparativo com a safra 2013/14, indicando que houve um avanço considerável na área colhida.

ATR

Apesar de prejudicar sensivelmente a produtividade agrícola, a estiagem melhorou a qualidade da cana ao favorecer a concentração de açúcares pela planta, destacou a Unica. Nos primeiros 15 dias de julho, a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) alcançou 139,44 kg por tonelada de cana processada, valor 7,42% maior que aquele apurado no mesmo período do último ano (129,81 kg/t). Conforme Rodrigues, "a concentração de ATR observada nos primeiros 15 dias de julho deste ano só foi alcançada na safra 2013/14 no final de setembro". Em algumas unidades produtoras, o valor apurado na primeira metade de julho já superou 150 kg/t, acrescentou. No acumulado desde o início da safra até 16 de julho, o teor de ATR por tonelada de matéria-prima totalizou 126,97 kg, 2,14% superior aos 124,31 kg registrados na mesma data de 2013.