Mercado Financeiro

Câmbio devolve competitividade, mas pressiona dívida e custo de produção

"Do lado das despesas é bastante complicado. Alguns setores têm estoque de dívida em dólar muito alto, como o açúcar e etanol", disse o executivo em entrevista ao Broadcast


Publicado em: 02/10/2015 às 20:00hs

Câmbio devolve competitividade, mas pressiona dívida e custo de produção

Se por um lado o dólar acima de R$ 4 "salvou o agronegócio", ao devolver a competitividade perdida com o ciclo de preços baixos das commodities, por outro lado a forte variação da moeda norte-americana elevou a dívida de companhias do setor e também o custo de produção, destaca o diretor-comercial de agronegócios do Itaú BBA, Alexandre Figliolino. "Do lado das despesas é bastante complicado. Alguns setores têm estoque de dívida em dólar muito alto, como o açúcar e etanol", disse o executivo em entrevista ao Broadcast.

Ele cita como exemplo o setor sucroenergético, que tem 42% da dívida dolarizada - em algumas companhias essa fatia chega a 80% - e depende da rolagem desse passivo na moeda norte-americana. "Muita gente fez dívida em dólar no passado com as taxas de câmbio muito baixas", disse. Outro exemplo é o impacto no custo, como na cultura algodoeira, altamente dependente do dólar para a compra de insumos e cuja necessidade de capital de giro é alta.

"A necessidade de recurso do produtor de algodão para tocar o negócio cresce na mesma proporção da desvalorização. E normalmente o limite de crédito dele não é em dólar, é em real, e isso cria uma situação de aperto", explicou o Figliolino. "Tem gente prevendo uma queda na área plantada de algodão em 15% a 20% ante o ano anterior, quando deveria ser ao contrário, porque o câmbio a R$ 4 favorece o produtor".

Por outro lado, além de favorecer e retomar a competitividade das exportações de várias culturas, o dólar a R$ 4 reduz, na moeda norte-americana, os custos logísticos brasileiros. O diretor do Itaú BBA cita como exemplo um frete de Sorriso (MT), grande região produtora de soja, para o Porto de Santos (SP). Com o dólar a R$ 1,50, custava R$ 300 por tonelada, ou US$ 200. "Hoje, o frete está em R$ 200 a tonelada e o dólar a R$ 4, ou seja, custa US$ 50 a tonelada, 25% do que já foi no passado" concluiu.

Fonte: Agência Estado

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