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Bunge aposta em alimentos para escapar da volatilidade dos grãos

A americana Bunge, uma das maiores empresas do agronegócio no mundo, não está mais satisfeita apenas com o processamento de grãos - quer se tornar também um grande "player" em ingredientes e alimentos


Publicado em: 25/05/2016 às 18:20hs

Bunge aposta em alimentos para escapar da volatilidade dos grãos

A companhia está em busca de negócios que elevem a participação de sua receita (antes de juros e impostos) nesses segmentos para 35%, ante os atuais 15%, de acordo com o CEO da companhia, Soren Schroder. Segundo ele, a intenção é atingir essa meta nos próximos três a cinco anos.

Os planos colocam a Bunge junto de outras empresas globais do agronegócio que procuram novos acordos na medida em que a série de transações em curso remodelam a indústria. Nesta semana, a Bayer confirmou uma oferta hostil pela Monsanto, que poderá criar a maior empresa de químicos e sementes do mundo. Também recentemente, a estatal ChemChina fechou a aquisição da suíça Syngenta, enquanto DuPont e Dow acertaram uma fusão - todos esses negócios ainda aguardam aval das autoridades reguladoras.

A abordagem da Bunge, no entanto, é diferente da de suas concorrentes diretas. A companhia tenta reduzir sua dependência das atividades de trading e do processamento de grãos, suas maiores áreas de negócios em vendas e lucros.

"É clara a intenção de querer construir um portfólio mais equilibrado e menos dependente da agricultura", afirmou Schroder em entrevista na sede da Bunge, em White Plains, Nova York. "Então este é, sem dúvida, o caminho para reduzir volatilidade". Segundo ele, ingredientes e alimentos devem contribuir com retornos mais altos e ganhos estáveis.

Os planos de gerar mais receita a partir de produtos com maior valor agregado permanecem "absolutamente intactos", disse o executivo, mesmo com as dificuldades da companhia de avançar no segmento em 2015, com a economia brasileira em frangalhos, o que reduziu a demanda por óleos vegetais, por exemplo.

"Nós ainda acreditamos que a situação macroeconômica no Brasil continuará a impactar de forma negativa a demanda no país", disse Brett Wong, analista da Piper Jaffray, de Boston. Mas cortes de custos e aquisições devem ajudar [na performance financeira da Bunge, acrescentou.

A Bunge comprou a fabricante de óleos Whole Harvest Foods em outubro do ano passado e anunciou um acordo de aquisição do controle acionário da alemã Walter Rau, também do segmento de óleos vegetais, em abril deste ano.

"Precisamos fazer muito mais dessas aquisições nos próximos dois anos", disse Schroder. "Negócios grandes com produtos de maior valor agregado não são tão óbvios", disse ele. Por isso, a Bunge deverá focar em transações menores que ofereçam garantias de produção e risco menor para aporte de capital.

O CEO da Bunge também prevê uma melhora no ambiente global de processamento de soja no segundo semestre deste ano e projeta melhora nos resultados da companhia já em 2016, com uma recuperação suave a partir de agosto.

Fonte: Bloomberg

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