Soja

Brasnorte: esperança no meio do pó e da lonjura

Cheguei de Brasnorte. Registrei muita esperança no meio do pó e da lonjura O editor de Globo Rural esteve no noroeste de MT para fazer uma reportagem sobre o avanço das lavouras sobre áreas de pecuária e encontrou um cenário pujante


Publicado em: 25/07/2014 às 18:00hs

Brasnorte: esperança no meio do pó e da lonjura

O IBGE divulgou hoje que a taxa de desemprego no Brasil ficou estável no mês de junho na região metropolitana de São Paulo, 5,1%. Em junho de 2013, a taxa atingia 6,6%.

Tem mais: no Rio de Janeiro, o desemprego caiu de 3,4% para 3,2%. No ano passado, era de 5,3%. Caiu no Recife, de 7,2% para 6,2%, e subiu um pouquinho em Belo Horizonte, de 3,8% para 3,9%.

Ou seja, em quatro importantes capitais brasileiras, o índice de desemprego é baixo, tendo diminuído em São Paulo e Rio de Janeiro, principais capitais, em relação ao ano passado.

Eu já escrevi e estou repetindo. Sou do tempo da inflação altíssima e da taxa de desemprego selvagem. Muitos amigos meus, de mais idade, se desesperavam por ter investido na formação dos filhos e depois vê-los sem colocação no mercado. Um deles chorou por conta de uma filha que, sem esperança, foi atrás da sorte nos EUA. Dói muito para um pai.

Óbvio que eu estou preocupado com a inflação hoje ultrapassar o teto de 6,5% ao ano. Houve mês, porém, na década de 80 do século passado que o índice superava 80% ao mês. As taxas de juros, pasmem, alcançavam estratosféricos 40%/mês.

No caso específico do desemprego, fantasma dos lares brasileiros, que chegava a superar dois dígitos, os 3,2% atuais do Rio, por exemplo, significam quase pleno emprego. Estou errado?

Pois bem, faço essa introdução por conta da recente viagem que fiz para Brasnorte, no distante noroeste de Mato Grosso, quase 600 quilômetros de Cuiabá. Fui elaborar reportagem para Globo Rural sobre o avanço das lavouras rentáveis, como soja e milho, entre outras, nas áreas de pecuária. Esse assunto será abordado na edição de agosto da revista e vocês vão saber que a pecuária está se modernizando na região a fim de enfrentar o assédio das grandes plantações.

No meio de uma enxurrada de artigos na imprensa paulista que faziam previsões catastróficas sobre a economia, andando por fazendas de Brasnorte entrevistei fazendeiros e gerentes. Eles me revelaram que a principal preocupação não era com as altas e baixas de preços da soja ou do milho ou da arroba do boi.

Como o cenário por lá é de transição por conta da chegada dos grãos, a maior aflição nas propriedades é a escassez de mão de obra. Sim, faltam trabalhadores. Uma das explicações dadas dizia respeito à introdução das tecnologias de ponta, que exigem melhor preparo da parte do profissional. São tratores, colheitadeiras, enfardadeiras, computadores, enfim, máquinas exigentes e difíceis de ser manejadas. Na área do boi, confinamento, integração pecuária/lavoura, e outras inovações que também necessitam de técnicos gabaritados.

Detalhe 1: Peões para a labuta mais pesada igualmente não eram encontrados. Eles preferem migrar para as cidades, pois lá também têm empregos, ouvi em Brasnorte.

Detalhe 2: Para incentivar alguns trabalhadores, uma fazenda moderna paga o salário e o complementa com a renda de algumas sacas de soja.

Confesso que quanto mais ando por este país gigantesco, menos o conheço. Não é possível interpretar nada.

Eu aconselharia os articulistas, cujas análises da atualidade e projeções econômicas são sombrias, a literalmente enfrentarem o pó da estrada. Poderão então deparar-se com uma juventude que projeta ir ao exterior hoje para estudar e não por precisão de emprego. E há trabalho, acreditem.

É complicado, aviso: o ônibus leito que me trouxe de Brasnorte para Cuiabá levou 10 horas no percurso. Mas vale a pena, é um Brasil cheio de esperança. Confiram na revista de agosto.

Fonte: Globo Rural

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