Café

Boletim Conjuntural do Mercado de Café — Agosto de 2014

O mercado climático e a quebra da safra brasileira de café novamente foram os principais fatores que ditaram o comportamento do mercado futuro do arábica em agosto


Publicado em: 02/09/2014 às 10:20hs

Boletim Conjuntural do Mercado de Café — Agosto de 2014

Durante o mês, houve grande especulação a respeito de quando se iniciará o período de chuvas sobre as origens nacionais e de seus impactos sobre a florada e a produção de café em 2015.

Segundo a Somar Meteorologia, cerca de 10% a 15% dos parques cafeeiros paulista e mineiro apresentaram floradas antecipadas devido à umidade atípica do final de julho. O pegamento dessas floradas depende de chuvas regulares e consistentes para que a safra 2015 não seja ainda mais afetada, considerando os danos já causados pelo veranico do início do ano.

Até a terceira semana do mês, os preços futuros operaram com tendência baixista, já que os modelos meteorológicos indicavam probabilidade de chuvas no Sudeste brasileiro para o final de agosto. Porém, com a frustração dessa expectativa, que acentuou a preocupação dos investidores quanto à quebra da safra 2015 de café, as cotações futuras do arábica reagiram significativamente no final do mês.

As condições climáticas também são desfavoráveis à agricultura na América Central, importante região produtora de cafés especiais. Uma estiagem prolongada, ligada ao fenômeno climático El Niño atinge Guatemala, Costa Rica, El Salvador, Honduras e Nicarágua, criando situação de insegurança alimentar na região que já sofre com a ferrugem do café.

Diante das preocupações com o aperto na oferta mundial de café, os fundos de investimento aumentaram o saldo líquido comprado no mercado futuro e de opções de café arábica da ICE Futures US. Segundo a Commodity Futures Trading Comission (CTFC), em 26 de agosto esse saldo era de 43.090 contratos, ante os 37.845 contratos do final de julho.

No acumulado do mês, o vencimento dezembro do Contrato C da ICE Futures US acumulou discreta alta de 245 pontos, sendo cotado a US$ 2,012 por libra-peso no último dia de agosto. Esse é o maior valor registrado desde o mês de maio. A cotação média mensal, de US$ 1,92, foi 59% superior à do mesmo período de 2013.

Os estoques certificados de café da Bolsa de Nova York diminuíram 87,7 mil sacas, encerrando o mês em 2,41 milhões de sacas. Esse volume é 13,6% inferior ao registrado em julho de 2013, de 2,79 milhões de sacas.

Já o mercado futuro do café robusta negociado na Liffe acumulou perdas no mês de agosto. As cotações do contrato 409 da Bolsa de Londres, com vencimento em novembro de 2014, apresentaram desvalorização de US$ 30, encerrando o mês a US$ 2.059 por tonelada. Mesmo assim, a cotação média mensal, de US$ 1.997/t, foi 7,6% superior à do mesmo período do ano passado.

Com a valorização do mercado futuro do arábica, a arbitragem entre as Bolsas de Nova York e Londres apresentou tendência de alargamento, atingindo US$ 1,08 por libra-peso no final do mês, ante o US$ 1 registrado no último dia de julho.

Os estoques certificados monitorados pela Liffe mantiveram a tendência de recomposição de volumes, atingindo 1,41 milhão de sacas no final do mês, ante 1,28 milhão sacas registradas nos últimos dias de julho. Os estoques se encontram em patamar 7,6% superior ao apurado no mesmo período do ano anterior.

Seguindo o comportamento internacional, os preços domésticos do café arábica se valorizaram significativamente. O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para essa variedade atingiu os maiores valores desde maio, sendo cotado no fechamento de agosto a R$ 455,54/saca. A alta acumulada no mês foi de 6,4%. O indicador para o café conilon apresentou valorização menos significativa, de 0,6%, encerrando o mês a R$ 253,25/saca.

No mercado de câmbio, o dólar desvalorizou-se ante o real, influenciado principalmente pelas especulações quanto ao cenário eleitoral brasileiro. No final de agosto, a moeda norte-americana foi cotada a R$ 2,239, registrando queda acumulada de 1,3% no decorrer do mês.

Em relação à política cafeeira, até o final de agosto, os repasses do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira aos agentes que manifestaram interesse e firmaram contratos para operar com recursos do Funcafé na safra 2014 somavam R$ 2,867 bilhões. Do total transferido, foram direcionados R$ 1,061 bilhão para a linha de Estocagem, R$ 723 milhões para Custeio e R$ 614 milhões para Aquisição de Café (FAC). O percentual de cada linha repassada aos agentes financeiros até o final de agosto pode ser observado no gráfico abaixo.

Fonte: Assessoria técnica do CNC

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