Publicado em: 12/09/2014 às 19:00hs
A instituição avalia agora que a inflação continua elevada, mas não mostra mais "resistência", de acordo com afirmações feitas na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada nesta quinta (11).
A palavra "resistência" era citada pelo comitê desde janeiro do ano passado como parte das justificativas para o aperto de juros promovido entre abril de 2013 e de 2014.
Na ata anterior, de julho, mesmo com o ciclo de alta da taxa encerrado, o BC continuava a usar essa expressão, que aponta um grau maior de preocupação com os preços.
Na semana passada, na última reunião antes das eleições, o comitê manteve os juros em 11% ao ano. No documento divulgado ontem, o BC reafirmou que não pretende mexer na taxa este ano.
O IPCA está em 6,51% no acumulado em 12 meses, acima do limite fixado pelo governo, de 4,5% com dois pontos percentuais de tolerância.
O BC sinaliza no documento que não pode reduzir os juros porque a inflação está alta, mas também não precisa elevá-los, pois o comportamento dos preços será mais favorável no futuro.
A decisão do Copom foi anunciada depois dos dados do PIB, que mostraram que a economia encolheu nos dois primeiros trimestres do ano.
Demanda
No documento, o BC diz apenas que a demanda não cresce mais acima da oferta e que há um equilíbrio maior entre consumo e investimento, dois fatores que vão ajudar a segurar a inflação.
Para justificar a avaliação mais otimista sobre os preços, o comitê afirma ainda que, mantidos os juros (e o dólar em R$ 2,25), "a inflação entra em trajetória de convergência" para 4,5% "nos trimestres iniciais de 2016".
Para 2014, a projeção para a inflação recua em relação ao valor calculado em julho, mas continua acima de 4,5%. Para 2015, as projeções não mudaram e também estão acima da meta --o BC não divulga números exatos na ata.
Luciano Rostagno, estrategista chefe do Banco Mizuho do Brasil, afirmou que a queda da inflação está condicionada a outros fatores, como a política fiscal mais rígida e reformas econômicas a partir de 2015. "Caso contrário, as taxas de juros terão de subir novamente", afirmou.
O Copom diz ainda no texto que tarifas e preços controlados continuarão a subir acima de 4,5% até, ao menos, 2016. Só neste ano, a alta esperada é de 6%, parte da qual se deve ao reajuste estimado pelo BC para a conta de luz, que foi de 14% para 16,8%.
Horas após a divulgação do documento, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que as medidas de incentivo ao crédito anunciadas em julho e agosto já resultam em aumento de concessões. "Em especial, em financiamento de veículos e capital de giro."
Fonte: Folha de S. Paulo
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