Aquicultura e Pesca

Apicultura em expansão no Oeste

Responsáveis pela produção de mel, própolis, geleia real, pólen e cera, as abelhas também servem como importantes polinizadoras em pomares de frutas cultivadas comercialmente para obter maior produtividade


Publicado em: 28/04/2016 às 18:40hs

Apicultura em expansão no Oeste

Além de proporcionar produtos saudáveis à população, a apicultura exerce papel significativo na preservação dos ecossistemas existentes e, isso, vem motivando a união de entidades e órgãos públicos para fortalecer a cadeia produtiva do mel no Oeste catarinense.

Tudo começou em junho de 2012 quando os apicultores se mobilizaram para articular um projeto com o SEBRAE/SC, o poder Público Municipal de Quilombo e a Associação de Apicultores e Meliponicultores de Quilombo (AAMQ). Após a adesão do projeto foram cadastrados 10 produtores que já atuavam na atividade para iniciar os trabalhos.

Segundo o consultor credenciado ao Sebrae/SC, Neuri Riboli, de 2012 até o momento, importantes ações foram desenvolvidas, dentre elas o diagnóstico de campo, visando identificar a real situação com a atividade apícola, afinal, os apicultores contavam com um total de 210 colmeias com média de 14 kg por caixa/ano. Além disso, não disponibilizavam de acompanhamento técnico e estariam usando caixas fora do padrão, apiários mal dimensionados, pouco ou quase nada de manejo, tanto no inverno como na primavera. A atividade estava se tornando inviável pela baixa produtividade.

Atualmente, 37 produtores vinculados à associação são beneficiados pelo projeto. O grupo conta com 900 colmeias e produz uma média de 25 kg por caixa/ano. Também contam com uma casa de extração e envaze, beneficiamento e rotulagem de Mel, inspecionada pelo Sistema de Inspeção Federal (SIF). “A estrutura está em fase de conclusão”, realça o professor, produtor da área de apicultura e presidente da AAMQ, Julcemar Francisco Toazza, destacando a importância da parceria do Sebrae/SC, da Epagri, do Senar/SC, da Amosc, do Cidema e do Sisbi-Suasa para conquista da Casa do Mel.

O prefeito de Quilombo, Neuri Brunetto, enfatiza que o projeto é uma forma de estimular as famílias a aumentar a renda, além de melhorar a qualidade dos produtos. “A Casa do Mel tem um papel importante, tanto para o trabalho de polinização, quanto para a produção e comercialização de mel e derivados”.

Brunetto destacou ainda que o objetivo é fazer com que os produtos cheguem a outros centros. “O município tem contribuído gradativamente para o desenvolvimento de ações, eventos e outras iniciativas que contribuam com o fortalecimento da apicultura em Quilombo”, observou ao mencionar a mais recente iniciativa para ampliar o conhecimento dos produtores: o II Seminário Regional de Apicultura, Nucleação e Sanidade Apícola, realizado nessa semana, pela Epagri, AAMQ, com apoio do SEBRAE/SC, SENAR/SC, Prefeitura Municipal, Secretaria Municipal de Agricultura, Câmara Municipal de Vereadores, Banco do Brasil, Sindicato Rural de Quilombo e ADR.

Segundo Toazza, o trabalho que o Sebrae/SC vem desenvolvendo com os apicultores tem dado suporte para o associativismo e para o investimento na formação e informação do apicultor. “Hoje, a Associação de Apicultores está sólida e busca o fortalecimento, em primeiro lugar, porque precisamos salvar as abelhas, pois elas têm papel fundamental na autossustentabilidade do planeta. Não haverá equilíbrio ecológico se não houver as apiss mellíferas e as meliponídeas”, completa.

Em segundo lugar, ele aponta a saúde humana, destacando que a abelha produz produtos extremamente saudáveis, limpos e isentos de qualquer tipo de poluição. O terceiro aspecto importante é o lucro. “Além da produção de mel e outros itens, a abelha faz o trabalho de polinização gratuitamente. Aproximadamente 40% da produção de alimentos do planeta hoje dependem destes insetos polinizadores: 50% das gôndolas dos supermercados estariam vazias se não existisse a abelha para polinizar toda essa linha de fruticultura, hortifrutigranjeiros e boa parte dos produtos agrícolas”, completa Toazza.

Sobre os resultados da participação dos apicultores de Quilombo no projeto, o dirigente realça que eles estão conscientes, amadurecendo cada vez mais e buscando tecnologia. “Há uma necessidade de investir no conhecimento de forma constante. Tanto que a maioria assina o boletim informativo que agrega conhecimento na área de apicultura e da meliponicultura, o que facilita a adoção de novas tecnologias e manejo”.

O coordenador regional oeste do Sebrae/SC, Enio Albérto Parmeggiani, assinala que o sucesso na apicultura depende cada vez mais do processo produtivo do negócio e dos pilares que sustentam a produção como infraestrutura, manejo adequado, gestão de pessoas e recursos. “Para que o segmento cresça e se desenvolva, é preciso que proporcione resultado econômico suficiente para cobrir todos os gastos ocorridos, remunere o empreendedor e gere renda suficiente para manter o produtor na atividade. É para isso que trabalhamos, ou seja, para preparar o apicultor para a utilização de tecnologias e métodos adequados de produção, visando que ofereçam um produto de qualidade ao mercado e obtenham renda e sustentabilidade nos negócios”.

O Sebrae/SC é responsável por 80% dos investimentos no projeto e a Prefeitura Municipal de Quilombo entra com os outros 20%. “Nós, da associação, temos os técnicos e a vontade para o aperfeiçoamento e melhoramento de toda a estrutura do apiário e agregação de conhecimento”, realça Toazza.

Para fortalecer o segmento, a Epagri também desenvolve ações de incentivo à apicultura no Estado de Santa Catarina. O foco está voltado a promoção e parceria para realização de eventos que promovam o conhecimento sobre a atividade apícola.

O engenheiro agrônomo da Epagri, Vilmar José Franzen, ressalta que a média de produção de mel no Estado é de 20 kg caixa/ano. “Na região oeste, 30 kg em ano normal é relativamente fácil. Nosso potencial regional é de cerca de 80 kg caixa/ano e, se o ano for favorável, com o conhecimento, o associativismo e a tecnologia aplicada hoje, é fácil atingir esse volume”.

PROJETO

O projeto para fortalecer a apicultura de Quilombo iniciou em 2012, após apresentação dos resultados obtidos pelo diagnóstico às lideranças do município e incluiu iniciativas como o plano de ação para colocar em prática nas propriedades dos apicultores, seguido por consultorias individuais. Foram trabalhados aspectos como a escolha de locais para a construção de novos apiários, aquisição de novas colmeias padronizadas de acordo com a ABNT, transferência dos enxames para colmeias novas, manejo de inverno e primavera, sistema de criação de novos enxames pelo processo de nucleação, boas práticas de higiene, alimentação energética e proteica, avaliação comportamental dos enxames, genética rainha, sanidade apícola, consultorias teóricas e práticas individuais e coletivas.

Os apicultores também participaram de vários cursos sobre manejo de colmeias, aumento na produtividade do mel e meliponicultura, que foram realizados com a parceria do Sindicato Rural de Quilombo e do Senar/SC. Além disso, atualmente são realizadas reuniões mensais com Associação dos Apicultores.

Em 2014, participaram de uma viagem de estudos técnicos para o Sul do Estado, em Içara, onde puderam visitar a segunda maior exportadora de mel - a Minas Mel. Na mesma oportunidade também visitaram produtores de Araranguá para conhecer os diferenciais da apicultura moderna e profissional. O projeto oportunizou, ainda, a participação em diversos encontros do segmento no Estado, além da participação na Exposição - Feira Agropecuária comercial e Industrial de Quilombo (EFACIQ), expondo produtos produzidos pelas abelhas.

APICULTURA

Os apicultores da região são de pequeno e médio porte. Toazza trabalha no setor desde a infância. “Era uma apicultura artesanal e, em virtude da evolução científica e tecnológica e da dificuldade de manter as abelhas produzindo como em épocas passadas quando não havia o atual desequilíbrio ecológico, buscamos atualização. Temos apiário que agrega aproximadamente 50 colmeias”, conta.

A geração de renda, segundo Toazza, melhorou muito nos últimos anos. “Hoje há grande procura de todos os produtos oriundos da apicultura. Há tempos atrás, a comunidade procurava mel no inverno, mas hoje ele é um item da alimentação diária e as pessoas e empresas procuram pelo produto constantemente”.

O produtor de mel Avelino Santin atua na área há 35 anos. Atualmente conta com quatro apiários com produção média de 20 a 30 quilos de mel. “O segmento melhorou muito. Se não fosse esse projeto realizado pelo Sebrae/SC em parceria com a Associação de Apicultores e a Prefeitura, não teríamos a qualidade que temos hoje tanto no manejo, quanto na alimentação direta nas colmeias, entre outras conquistas”.

Santin pretende aumentar a propriedade e está investindo na produção de abelhas sem ferrão. “O mel da abelha sem ferrão tem uma qualidade superior”, justificou.

AVANÇOS

Toazza ressalta que após o Seminário realizado em Quilombo, no mês de março, a apicultura atingiu seu ápice no Estado. “Prioritariamente porque representou um marco para a região, pois houve uma conscientização sobre a importância de salvar as abelhas e buscar ações para promover a biodiversidade. Tivemos 300 apicultores no evento e agora vamos extrair a primeira remessa da Casa do Mel com inspeção municipal. Em breve, teremos inspeção estadual e federal”.

De acordo com Toazza, o seminário também oportunizou firmar novo convênio entre Sebrae/SC, Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina (FAASC), Associação dos Apicultores de Santa Catarina, Epagri, Sul Mel e Iniciativa Privada. Trata-se de um projeto piloto no país com foco para o melhoramento genético de rainhas, produção de realeiras, princesas e rainhas fecundadas. A iniciativa integra as ações do Projeto de Desenvolvimento Territorial e terá como base os municípios de Passos Maia e Água Doce. O trabalho será realizado via SEBRAEtec e inclui cursos, palestras e consultorias realizados em apiários.

O projeto atenderá apicultores de Xanxerê, Marema, Quilombo, União do Oeste, Jardinópolis e Pinhalzinho. Ao todo, 60 famílias de apicultores serão beneficiadas pelo projeto DET.

Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional

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