Análise de Mercado

Algodão vai perder área para o milho na safra 2016/2017 na Bahia, diz Aiba

Descapitalização dos produtores inviabilizou o aumento de área para a produção agrícola no Oeste da Bahia


Publicado em: 23/09/2016 às 18:50hs

Algodão vai perder área para o milho na safra 2016/2017 na Bahia, diz Aiba

Os produtores baianos estão planejando o plantio da safra 2016/2017, previsto para iniciar no fim do mês de outubro. A estimativa da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) é de que o algodão perca espaço para o milho na nova temporada. O vazio sanitário da soja na Bahia só termina no dia 15 de setembro.

Influenciada pela valorização do grão no mercado brasileiro, a área cultivada com algodão na Bahia deve cair de 240 mil hectares para 200 mil hectares, enquanto a do milho deve aumentar de 136 mil para 176 mil hectares. Já a área destinada ao cultivo de soja deve continuar no mesmo patamar, com cerca de 1,5 milhão de hectares. Com o início da safra 2016/2017, a grande expectativa dos agricultores baianos é se recuperar das perdas registradas na última temporada. “Nós achamos que nesta safra a produtividade vai aumentar em função da chuva e vai voltar aos níveis do passado”, diz Júlio Cézar Busato, presidente da Aiba.

A safra 2015/2016 foi bastante desafiadora para os produtores baianos por conta do longo período de estiagem que ocorreu no estado. Segundo a Aiba, as perdas chegaram a 35% na produção de soja, 40% para o milho e 30% de perdas no cultivo de algodão. Mas, com o fim do fenômeno climático El Niño e a expectativa de retorno da chuvas, as previsões para a nova safra são boas. As condições climáticas dentro na normalidade vão possibilitar que os pivôs voltem a irrigar as lavouras baianas. Na safra passada, 60% dos equipamentos de irrigação ficaram parados. “A região tem uma tecnologia de ponta e quando temos condição climática favorável a produtividade é excelente”, diz Busato.

Desafios da nova safra

A quebra na produção da última safra resultou em um prejuízo de cerca de R$ 1 bilhão para os produtores, segundo informações da Aiba. “Essa situação ocasionou um endividamento que realmente está dificultando a obtenção de crédito para a próxima safra”, diz o presidente da Aiba. “Por isso existiu o pedido dos produtores do Matopiba de parcelamento dos custeios de investimentos dos produtores afetados pela seca.”

No dia 14 de setembro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou a renegociação de dívidas de produtores do Centro-Oeste, Espírito Santo e da região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Segundo Busato, essa medida vai garantir que muitos produtores baianos continuem na atividade. “Se o produtor não resolver o problema [de endividamento], ele vai ter que diminuir o nível de tecnologia e isso não é bom porque a produtividade vai cair”, afirmou o representante da Aiba.

Segundo o presidente, a região registrava um ritmo de crescimento de 8% ao ano da área plantada com grãos. Mas, com a descapitalização dos produtores, esse número deve ser próximo de zero na safra 2016/2017. Neste ano, um dos problemas que os produtores enfrentam é o custo de produção elevado. “Precisamos achar uma forma de diminuir esse custo para continuar competitivo”, diz Busato. O produtor baiano investe, em média, US$ 800 por hectare no cultivo de soja, US$ 2.300 por hectare na produção de algodão e US$ 1.300 por hectare para plantar milho. “Em relação aos Estados Unidos e a Argentina está muito alto, nós precisamos trabalhar nessa questão”, afirma o presidente da Aiba.

Fonte: SF Agro

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