Publicado em: 28/03/2018 às 08:40hs
No dia internacional da água os produtores de algodão brasileiros tem uma razão para celebrar. Segundo Arlindo de Azevedo Moura, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, o país possui status de campeão mundial em produtividade nas lavouras de algodão em regime de sequeiro, que é como se chama o cultivo sem irrigação. Na safra 2016/2017, dos 940 mil hectares plantados com a commodity, apenas 40 mil (4,3%) foram irrigados, diz Moura.
O reconhecimento é da International Cotton Advisory Commitee (Comitê Consultivo Internacional do Algodão), fundado em 1939 e com sede em Washington, nos EUA, informa o executivo.
Moura continua: “Já no ranking geral da produtividade, o Brasil ocupa o quarto lugar, com 1,6 mil quilos de pluma por hectare, atrás de Israel, que colheu 1,76 mil quilos, mas irriga 100% das suas áreas, da Austrália (1,74 Kg/ha), onde a irrigação chega a 95% e da China (1,66Kg/ha), que tem 80% das lavouras dependentes da adição artificial de água.”
“É importante lembrar dessa conquista justamente no dia em que o mundo reflete sobre um dos mais importantes recursos naturais”, afirma o executivo. De acordo com ele, a cotonicultura brasileira praticada nas últimas décadas encontrou soluções para produzir cada vez mais algodão por hectare, usando apenas a água da chuva. A mais importante delas foi a concentração da cultura no bioma do Cerrado, que tem estações secas e chuvosas bem definidas. “Essa é uma vantagem para o calendário da produção, pois o algodão é plantado e se desenvolve na época das chuvas, ficando a colheita para o período de seca. A agricultura de sequeiro consome não apenas menos água, como energia”, explica Moura.
O pesquisador e autor de diversos livros sobre o algodão, Eleusio Curvelo Freire, consultor da Abrapa e coordenador científico do Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), diz que um dos maiores mitos sobre a produção da fibra é que ela é altamente demandante de água. “Na verdade, o algodoeiro é uma planta bem resistente à seca, e somente precisa de água mais intensamente nos períodos de plantio e florescimento. Depois das maçãs abertas, quanto menos, melhor”, explica o estudioso. Ele acrescenta que, além de aproveitar estrategicamente as condições naturais para o plantio, a cotonicultura brasileira, majoritariamente classificada como empresarial, utiliza “variedades tecnológicas de algodão, que, entre outras características, trazem a resistência ao stress hídrico”. Eleusio possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal da Paraíba (1971), mestrado em Agronomia (Fitotecnia) pela Universidade Federal do Ceará (1976) e doutorado em Agronomia (Genética e Melhoramento de Plantas) pela Universidade de São Paulo (1985). Exerceu ainda a função de pesquisador na Embrapa Algodão.
Fonte: Globo Rural
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