Internacional

Acordo de livre-comércio reúne 40% do PIB global e desafia China

Além de reduzir barreiras comerciais com o corte de tarifas de importação entre seus parceiros, o TTP facilita as transações ao estabelecer regras uniformes para setores como investimentos, ambiente, direitos trabalhistas e propriedade intelectual


Publicado em: 06/10/2015 às 11:10hs

Acordo de livre-comércio reúne 40% do PIB global e desafia China

Após quase oito anos de negociações, foi anunciada nesta segunda (5) a conclusão da Parceria Transpacífico (TTP), o maior acordo regional de comércio da história. EUA, Japão e os outros dez integrantes da parceria formam cerca de 40% da economia mundial e o acordo tem potencial para reescrever as regras do comércio global.

Além de reduzir barreiras comerciais com o corte de tarifas de importação entre seus parceiros, o TTP facilita as transações ao estabelecer regras uniformes para setores como investimentos, ambiente, direitos trabalhistas e propriedade intelectual.

Para entrar em vigor o acordo terá de ser ratificado pelos Legislativos dos 12 países, o que nos EUA não deverá ser fácil, sobretudo em meio à corrida presidencial -na Austrália e no Canadá, ele também deverá enfrentar oposição parlamentar.

Mesmo antes da ratificação, a conclusão do acordo é uma vitória para o presidente americano, Barack Obama, que investiu no TTP como uma das principais ações de sua estratégia geopolítica e econômica. Em comunicado divulgado logo após o anúncio do acordo, Obama não escondeu que um dos objetivos centrais foi marcar posição na rivalidade com a China.

"Quando mais de 95% de nossos consumidores potenciais vivem fora de nossas fronteiras, não podemos deixar que países como a China escrevam as regras da economia global. Nós devemos escrever essas regras."

Com clara dimensão geopolítica, que dá músculos ao plano de Obama de reorientar o eixo da diplomacia americana para a Ásia, o TTP é antes de tudo um mega-acordo de comércio, que une a primeira e a terceira maiores economias globais: EUA e Japão.

Os dois países nunca assinaram um tratado bilateral de comércio e gradualmente derrubarão as atuais barreiras. Os demais integrantes do TTP são Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Cingapura, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e Vietnã.

Concluído após uma maratona de cinco dias de negociações na cidade americana de Atlanta, o acordo que reúne cerca de 40% do PIB mundial coloca ainda mais em xeque a relevância da OMC (Organização Mundial do Comércio), que tenta fechar há mais de uma década a Rodada Doha, o ambicioso tratado multilateral de livre-comércio.

O brasileiro Roberto Azevedo, diretor-geral da OMC, parabenizou os países do TTP e disse que o acordo prova que é possível alcançar consenso entre nações com interesses diversos quando existe "vontade política e determinação".

Para outro brasileiro, o economista Maurício Mesquita Moreira, do setor de integração e comércio do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o TTP deixa claro para onde caminha o comércio mundial, com novas regras estabelecidas pelo bloco liderado pelos EUA.

"Há o objetivo claro de sinalizar para a China que, se quiser continuar participando do comércio global, em algum momento vai ter que se ajustar a essas novas regras."

Fonte: Folha de S. Paulo

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