Gestão

ABCZ pede vacinação total contra aftosa mas destaca que reações das vacinas nos bovinos pode comprometer lucro do pecuarista

A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu alerta os pecuaristas de todo o país para vacinarem 100% dos seus rebanhos na campanha oficial de vacinação contra a febre aftosa, programada para o mês de novembro


Publicado em: 09/10/2015 às 19:00hs

ABCZ pede vacinação total contra aftosa mas destaca que reações das vacinas nos bovinos pode comprometer lucro do pecuarista

“A imagem da pecuária brasileira nunca esteve tão positiva no cenário internacional. Reabrimos o mercado chinês e abrimos o mercado norte-americano, o maior do mundo. Não podemos correr o risco de ter um caso de aftosa por descuido, desinformação ou procedimentos indevidos no momento da vacinação”, ressalta Luiz Claudio Paranhos, presidente da ABCZ. “Acima de tudo, o custo de uma dose de vacina é muito baixo em relação ao benefício que ela proporciona”, complementa Paranhos.

O alerta do presidente da ABCZ também envolve a qualidade da vacina e o preparo dos funcionários das fazendas na hora da aplicação.

“A reação vacinal é uma questão séria e merece profunda reflexão de toda a cadeia da carne bovina. Também considero clara a responsabilidade da indústria de saúde animal em relação à qualidade das vacinas comercializadas. E os pecuaristas precisam ficar atentos a isso na hora de se preparar para a imunização contra a febre aftosa, orientando corretamente os funcionários da fazenda. Além disso, os laboratórios também precisam estar comprometidos com o treinamento de boas práticas nas fazendas”.

A afirmação de Paranhos está respaldada por estudos recentes que constataram um imenso prejuízo para a cadeia da carne bovina com as reações vacinais ou medicamentosas em bovinos.

Em momentos distintos, profissionais de instituições de ensino de Botucatu (Unesp) e Ourinhos (FIO) e da Unesp em parceria com a Acrimat concluíram praticamente o mesmo: os abcessos causados por problemas ligados à qualidade das vacinas e ao método de aplicação – especialmente contra a febre aftosa – pesam, e muito, no bolso dos produtores e da indústria frigorífica.

O trabalho dos pesquisadores da Unesp e da FIO concluiu que nada menos do que 500 mil toneladas de carne podem deixar de ser comercializadas por ano devido à “depreciação de cortes na desossa decorrentes da retirada de lesões vacinais ou medicamentosas”. O trabalho foi realizado com 376 carcaças do centro-oeste paulista, das quais 308 (81,91%) apresentaram lesões, com perda média de 0,38kg por carcaça.

Outro trabalho recente, realizado pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e a Unesp de Botucatu, foi ainda mais contundente nas conclusões sobre as perdas de reações vacinais nos bovinos. “O resultado da reação vacinal alcançou o valor máximo de 6,5 kg por animal, considerando 1,65% de lesões em relação ao peso vivo e pré-jejum”, concluiu o estudo. Em valores da época (2013), foram identificadas perdas de até R$ 50,00 por animal devido às reações vacinais – a arroba do boi gordo estava em R$ 115,00 naquele momento. Extrapolando para o atual patamar da cotação da arroba, os prejuízos com o uso de vacinas de má qualidade ou procedimentos inadequados no momento da aplicação podem superar R$ 60,00 por animal.

“Não podemos admitir que o maior exportador mundial de carne bovina e um dos maiores produtores ainda tenha esse tipo de problema causado pela qualidade da vacina, conservação ou manuseio. Está aí um desafio a ser superado o mais rápido possível com a participação de todos os envolvidos. Afinal, o interesse é comum. Enquanto isso, os pecuaristas e a indústria estão pagando essa conta”, ressalta Luiz Claudio Paranhos.

Fonte: TEXTO COMUNICAÇÃO CORPORATIVA

◄ Leia outras notícias