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A deriva como fator de custo na agricultura moderna

Dentre os fatores de perdas presentes em um tratamento fitossanitário, a deriva pode ser considerada um dos mais impactantes


Publicado em: 05/09/2017 às 16:00hs

A deriva como fator de custo na agricultura moderna

Dentre os fatores de perdas presentes em um tratamento fitossanitário, a deriva pode ser considerada um dos mais impactantes. Ela pode ocorrer por escorrimento do produto na planta ou pelo transporte das gotas produzidas na pulverização para áreas limítrofes à lavoura, o que pode reduzir o potencial produtivo da lavoura ou exigir reaplicações, minimizando lucro e elevando custos.

Ocorrência da deriva

Entre os fatores que podem elevar os riscos de deriva, os principais estão relacionados à condição ambiental no momento da aplicação, ao espectro de gotas produzido pelo equipamento e à composição da calda de pulverização.

Dentre as variáveis ambientais, está a velocidade do vento. Quando forte, há uma grande responsabilidade na promoção da deriva. Por outro lado, a absoluta ausência de vento também pode ocasioná-la, retardando ou impedindo a queda das gotas mais leves da pulverização na área tratada, caracterizando a deriva vertical. A temperatura e umidade do ar podem ainda atuar de forma combinada, acelerando a evaporação dos compostos voláteis das gotas.

Uma vez que as tecnologias de aplicação permitem a produção de padrões de gotas de diversos tamanhos, a ideal para promover uma aplicação segura seria aquela que evitasse seu transporte horizontal ou vertical. Embora essa reflexão seja logicamente compreensível, ela não é facilmente obtida, pois a micronização do líquido pulverizado em gotas nas pulverizações convencionais não permite a produção de todas em tamanho semelhante.

Pontas de jato plano de uso ampliado são reconhecidamente aquelas com a maior variabilidade no tamanho, elevando o potencial de deriva devido ao alto percentual de gotas muito finas. Já as com indução de ar produzem níveis baixos de gotas finas, permitindo que os produtos possam ser usados com segurança. Estas por sua vez, requerem análises técnicas mais precisas para um uso adequado, devendo ser evitadas em aplicações que demandem depósitos em profundidade em culturas de elevada densidade foliar.

Ao considerar a possibilidade de que um determinado volume de calda seja destinado a uma área diferente daquela que recebeu o tratamento, pode-se medir o custo das perdas diretas envolvidas neste processo.

Estimativas do custo em logística de transporte de água e produtos foram realizadas por Moraes & Gandolfo (2016) e indicam valores próximos de R$ 3,60 para cada 100 unidades transportadas (litros ou quilogramas). Também quantificaram um valor médio para o custo operacional de R$ 22,00 para cada 100 litros de calda pulverizada no Brasil e que esse volume seria um valor representativo para tratar um ha de área em cultura de grãos. Observaram ainda uma frequência de aplicação de oito vezes em média em uma safra de soja. Assim, o valor total despendido em logística para essa cultura seria de R$ 204,80 para um ha. A aquisição de produtos fitossanitários para tratar uma área equivalente a um ha de soja foi estimada em aproximadamente R$ 900,00. Na somatória total, tem-se um valor total de R$ 1.104,80 para cada ha tratado na cultura da soja produzida em nosso país.

Se essas pulverizações ocorressem com uma técnica de aplicação de alto risco, é possível determinar que o valor total desperdiçado supere R$ 250,00 por safra em cada ha tratado.

Tecnologias para redução de deriva

Os adjuvantes de calda com características antideriva e as formulações de baixa volatilidade e com baixo potencial de formação de gotas muito finas estão difundidos no meio agrícola, sendo recomendados quando o risco de perdas em evaporação ou deriva é iminente, devendo ser escolhido por sua segurança.

A preservação do produto aplicado na área de destino induz a um controle mais eficiente e por mais tempo das pragas, doenças e plantas invasoras, retardando seu aparecimento, podendo, inclusive, diminuir o número de aplicações, ajudando a planta a expressar seu maior potencial produtivo.

Assim, o investimento em uma técnica de aplicação mais adequada, o uso de uma formulação de produto fitossanitário mais segura ou a inclusão de um redutor de deriva na calda de pulverização permite ao produtor o uso com segurança, minimizando as perdas para o ambiente e potencializando sua eficiência.

Prof. Dr. Marco Antonio Gandolfo é CEO do Instituto Dashen de Pesquisa Agronômica e parceiro da Iniciativa 2,4-D. Eder Dias de Moraes é doutorando e pesquisador do Instituto Dashen de Pesquisa Agronômica.

Sobre a Iniciativa 2,4-D

A Iniciativa 2,4-D é formada pela união entre o setor privado (Dow AgroSciences e Nufarm) e pesquisadores de instituições acadêmicas, como a Universidade de Passo Fundo - UPF, Universidade Estadual de Maringá - UEM, Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP, entre outras; com o propósito gerar informação técnica sobre o uso correto e seguro de defensivos agrícolas, além de apoiar projetos que abordem esta questão, como o Projeto "Acerte o Alvo – evite a deriva na aplicação de agrotóxicos", realizado no Paraná. O foco é educar o produtor sobre a importância da utilização correta de tecnologias que garantam a qualidade da aplicação dos defensivos agrícolas. O grupo defende que o uso adequado das tecnologias de aplicação e a precaução para evitar a deriva são essenciais para garantir a eficácia e a segurança ambiental na utilização de defensivos agrícolas. A Iniciativa 2,4-D se apresenta como fonte de informação e esclarecimento, que, apoiada por estudos acadêmicos, visa desmistificar o emprego do 2,4-D.

Visite: www.iniciativa24d.com.br.

Fonte: MLA Comunicação

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