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Biomassa registra maior crescimento em uma década

Setor de cogeração de energia enfrenta instabilidade, mas perspectiva para 2024 é otimista


Publicado em: 03/05/2024 às 18:20hs

Biomassa registra maior crescimento em uma década

O setor de cogeração de energia a partir de biomassa no Brasil, que utiliza principalmente bagaço e palha de cana-de-açúcar como fontes, está prestes a alcançar, em 2024, o maior crescimento de capacidade instalada dos últimos dez anos. No entanto, a trajetória não tem sido linear, com períodos alternados de expansão e retração, refletindo uma "gangorra" no ritmo de crescimento do setor.

De acordo com dados da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), com base em informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atualizadas em 26 de abril, a capacidade instalada de cogeração a partir de biomassa que entrará em operação neste ano será de 1.125 megawatts (MW), o maior incremento desde 2013.

Esse resultado é significativamente mais alto do que o observado em 2023, quando apenas 223 MW de nova capacidade foram adicionados com dez novas plantas. O gerente de bioeletricidade da Unica, Zilmar de Souza, ressalta que esse padrão de altos e baixos tem sido característico do setor na última década. "O setor passou por fases de expansão e retração desde 2007. Entre 2009 e 2010, com a chegada massiva de energia eólica e solar, a demanda por biomassa não acompanhou o ritmo, resultando em uma desaceleração da expansão", explica Souza.

Os projetos que entrarão em operação neste ano começaram a ser contratados entre 2021 e 2022. A maior parte dessas contratações ocorreu por meio de leilões regulados, que oferecem segurança a investidores, uma vez que garantem a venda da energia por períodos de 15 a 20 anos com reajustes ligados à inflação. De acordo com a Unica, 73% da capacidade de cogeração que será instalada em 2024 foi contratada em leilões, dos quais 34% são de projetos utilizando bagaço de cana-de-açúcar.

Se a expectativa para 2024 se confirmar, este será o terceiro maior crescimento anual na capacidade instalada de biomassa. O recorde permanece em 2010, com a entrada de usinas de biomassa somando 1.750 MW, seguido por 2013, com 1.431 MW. A média de capacidade instalada entre 2013 e 2022 foi de 691 MW.

Apesar do otimismo para 2024, a inconsistência no ritmo de investimento do setor é preocupante. Souza aponta para a ausência de uma política de leilões regulares como um fator que afeta a estabilidade do setor, uma vez que os leilões trazem segurança para novos investimentos. O último leilão para contratação de energia nova ocorreu em 2022, e a ausência de leilões frequentes pode criar insegurança entre os investidores.

O mercado livre, por sua vez, é mais vulnerável a oscilações de oferta e demanda, com preços do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) no mercado do Sudeste em uma média de R$ 61,12 por MWh neste ano, pelo terceiro ano consecutivo abaixo da marca de R$ 100 por MWh. Atualmente, 29% da energia gerada por biomassa no Brasil é vendida no mercado regulado.

Nos últimos dez anos, o setor investiu R$ 35 bilhões, agregando 5.700 MW de potência ao parque elétrico nacional, equivalente a metade da capacidade da Usina de Belo Monte. A maior parte desses investimentos tem sido destinada à ampliação de plantas já existentes, como troca de caldeiras ou instalação de novos turbogeradores.

Fonte: Portal do Agronegócio

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