Meio Ambiente

Embrapa Agropecuária Oeste desenvolve programa de computador para avaliar risco de contaminação ambiental por agrotóxicos

A pesquisa agropecuária tem buscado desenvolver tecnologias para minimizar os impactos da atividade agrícola ao meio ambiente


Publicado em: 22/03/2011 às 00:00hs

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Uma das grandes preocupações é evitar que os agrotóxicos, usados para proteção das culturas contra os ataques de pragas, doenças e plantas daninhas, possam contaminar o meio ambiente. Após aplicação desses produtos, grande parte é depositada no solo podendo ser transportada para a água subterrânea e/ou superficial. Assim, há uma urgente necessidade em avaliar o destino ambiental dos agrotóxicos atualmente em uso na agricultura.

Estudos têm sido realizados buscando avaliar o comportamento ambiental de alguns agrotóxicos para as condições brasileiras de solo e clima. Por exemplo, experimentos foram realizados nas safras 2008/2009 e 2009/2010, nos campos experimentais da Embrapa Agropecuária Oeste em Dourados e Ponta Porã, para avaliar a lixiviação (movimento do agrotóxico no perfil do solo juntamente com a água da chuva) e persistência de alguns agrotóxicos utilizados na cultura da soja. Esses experimentos são bastante onerosos, já que demandam análises e equipamentos laboratoriais de alto custo, além de mão de obra especializada. Além disso, as conclusões obtidas nesses experimentos são aplicadas, geralmente, para um determinado tipo de solo, cultura, condição climática e agrotóxico.

Diante do grande número de agrotóxicos atualmente no mercado e dadas as diferentes condições climáticas e de solo (cenários agrícolas) que esses produtos deveriam ser estudados, com objetivo de avaliar o comportamento ambiental, inúmeros experimentos deveriam ser realizados demandando grande quantidade de recursos financeiros, mão de obra e tempo.

Para contornar essa situação, pesquisadores no mundo inteiro têm somado esforços para criar programas de computador que reproduzam o comportamento ambiental dos agrotóxicos nas condições em que são usados. Assim, através de um programa de computador, é possível predizer se um determinado agrotóxico, em uma determinada condição de solo e clima, poderá contaminar, por exemplo, águas superficiais e/ou subterrâneas. Esses programas de computador já são amplamente usados em países membros da Comunidade Europeia e também nos Estados Unidos durante a avaliação da periculosidade ambiental de um agrotóxico que pretende ser lançado no mercado.

Alguns países têm, inclusive, tornado o uso desses programas de computador obrigatórios durante a avaliação da periculosidade ambiental de um novo agrotóxico. As principais vantagens na utilização desses programas de computador durante a avaliação da periculosidade ambiental dos agrotóxicos são: - baixo custo, maior rapidez na avaliação e obtenção dos resultados, maior representatividade nas avaliações (já que podem ser avaliados diversos cenários agrícolas), etc.

Nesse sentido, a Embrapa Agropecuária Oeste, desenvolveu um programa de computador, denominado ACHA (Avaliação da Contaminação Hídrica por Agrotóxico) capaz de simular o comportamento de agrotóxicos em solos brasileiros. Por exemplo, o programa ACHA avalia a profundidade que um agrotóxico, após ser aplicado em determinada cultura e condições edafoclimáticas, poderá chegar informando o potencial de contaminação da água subterrânea.

Além disso, o programa fornece informações sobre a persistência do agrotóxico no solo em que foi aplicado, levando-se em consideração a influência da umidade e temperatura do solo, além da atividade microbiana. O projeto de pesquisa, que teve como produto final o programa ACHA, foi financiado pela Embrapa (Programa Agrofuturo/BID) e CNPq (CT-HIDRO), em parceria com o curso de Ciência da Computação da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). Num primeiro momento, o programa ACHA será disponibilizado para órgãos governamentais que lidam com a avaliação da periculosidade ambiental de agrotóxicos.                  

Rômulo Penna Scorza Júnior - Ph.D. em Ciências Ambientais, Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados, MS. (romulo@cpao.embrapa.br)

Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste

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