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Ativos florestais: uma maneira eficiente para diversificação de investimentos


Publicado em: 15/09/2011 às 15:40hs

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As florestas emergiram como uma classe de ativos atrativa sob a ótica dos investidores institucionais a partir da década de 80, sobretudo nos EUA. Isso porque, até então, predominava o conceito de verticalização da indústria florestal, ou seja, as empresas detinham extensas áreas florestais para atender basicamente a demanda por matéria-prima (madeira) das suas próprias unidades industriais. Apenas pequenos volumes excedentes de madeira eram direcionados ao mercado.

Naquela época, algumas companhias tidas como eminentemente florestais, passaram a rever seu modelo de negócio e concluíram que os ativos florestais, uma vez alienados, poderiam gerar caixa para investimento em sua atividade produtiva. Isto é, na sua operação industrial, assim concentrando esforços no negócio principal da empresa.

Os ativos florestais começaram a ser vendidos para investidores institucionais, os quais assumiram o compromisso de suprir a demanda de matéria-prima das unidades industriais de algumas companhias. Foi a partir dessa mudança de comportamento que os investidores institucionais passaram a enxergar as florestas com outros olhos.

Até o final da década de 80, tradicionais investidores institucionais, como, por exemplo, fundos de pensão, seguradoras e fundos soberanos detinham não mais de USD 1 bilhão em ativos florestais. Atualmente, esses investidores detêm mais de USD 50 bilhões.

O rápido e crescente avanço desses investidores está associado a determinadas particularidades desta classe de investimento. A principal causa está no retorno proporcionado pelos ativos florestais quando comparado com outras classes de ativos. Historicamente, os ativos florestais têm proporcionado retornos superiores aos verificados na bolsa de valores. Por exemplo, nos EUA, tomando como base dados a partir da década de 80, o retorno obtido a partir de ativos florestais atingiram, em média, 15% ao ano, enquanto que o índice da bolsa de valores (S&P500) valorizou, no mesmo período, 10% ao ano.

Dada a sua baixa volatilidade e a sua fraca correlação com a maioria das classes de investimentos tradicionais, os ativos florestais se caracterizam como uma excelente alternativa para a diversificação de portfólio, proporcionando a redução do risco global da carteira administrada. Eles também oferecem uma proteção natural contra a inflação, devido sua alta correlação com este indicador.

De uma maneira geral, os ativos florestais proporcionam segurança ao investidor frente oscilações e turbulências do mercado de commodities. Caso o mercado de produtos florestais sofra oscilações desfavoráveis à comercialização da madeira, a colheita da madeira pode ser postergada, mitigando eventuais perdas. Além do que, enquanto o investidor aguarda uma melhora do mercado, as árvores continuam crescendo e, consequentemente, se valorizando. Paralelamente, existe uma perspectiva crescente da demanda por produtos florestais em todo o mundo. No Brasil, a procura de madeira de eucalipto para uso industrial cresceu, em média, 5% ao ano na última década.

Os ativos florestais também se constituem em uma ferramenta para preservação do capital, já que independentemente das condições macroeconômicas, na qual o investidor exerce pouca ou nenhuma influência, o capital investido nesses ativos permanece preservado ao longo do tempo.

Obviamente, os investimentos em ativos florestais também estão sujeitos a certos riscos inerentes a atividade florestal propriamente dita. Evidenciam-se os riscos biológicos e ambientais, como, por exemplo, incêndios, vendavais e ataque de pragas e insetos. Tais riscos podem ser mitigados a partir da adoção de práticas silviculturais e medidas de proteção adequadas. Alguns investidores, em determinados casos, optam pela contratação de seguros florestais para proteger o capital desses incidentes.

Embora investir em florestas seja atrativo, os ativos florestais exigem muito mais que o conhecimento do mercado de capitais. Requer conhecimento técnico sobre silvicultura e entendimento da dinâmica do mercado de produtos florestais, aliado a capacidade de investimento em larga escala e, sobretudo, visão de longo prazo.

No Brasil, os primeiros investimentos em ativos florestais ocorreram somente no final da década de 90 e, desde então, vem crescendo a passos bastante largos. Isso se deve, em parte, a uma série de vantagens comparativas, representadas basicamente pelas condições edafoclimáticas do país, o que torna o investimento em plantações florestais no Brasil atrativo. Enquanto nos EUA, por exemplo, as florestas naturais de pinus crescem entre 5-10 m3/ha.ano, no Brasil as plantações florestais de pinus crescem, em média, 30 m3/ha.ano.

Não existem dúvidas que os investimentos em ativos florestais são uma nova oportunidade de negócio e que o Brasil oferece um conjunto de condições únicas. Porém, resta uma dúvida. Os investidores institucionais no Brasil estão preparados para investir nesta classe de ativos? Alguns fundos de pensão brasileiros já estão caminhando nesta direção, mas resta o mercado em geral acordar para esta oportunidade representada pelos ativos florestais, em especial as florestas plantadas.

Marco Tuoto (MSc em Economia e Política Florestal e Diretor Geral da Ebflora)

Fonte: Assessoria de imprensa Ebflora

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