Milho e Sorgo

Adubação, produtividade e rentabilidade da rotação entre soja e milho em solo com fertilidade construída

Com o avanço tecnológico da produção de grãos no Cerrado, o investimento em adubação passou a constituir um dos principais fatores que possibilitam altas produtividades em solos originalmente de baixa fertilidade


Publicado em: 25/02/2016 às 00:00hs

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Consolidou-se, assim, o pensamento de que elevadas doses de fertilizantes são necessárias para garantir a conservação do potencial produtivo desses solos. Assim, a ocorrência de talhões com elevados teores de Fósforo (P) e Potássio (K), em áreas de produção comercial de grãos, tem sido comum no Cerrado, em razão do efeito residual de adubações prévias. Apesar de o nível de fertilidade do solo ser interpretado em muitos casos como alto ou muito alto, é comum que os agricultores continuem adubando com quantidades fixas de Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), por temerem a redução de produtividade. Essa prática tem resultado em adubações desnecessárias ou superdimensionadas, com baixa eficiência de uso dos fertilizantes.

No âmbito da pesquisa agrícola, verificou-se então a necessidade de se aferir as respostas à adubação em sistemas de produção em plantio direto em solos de fertilidade construída, visto que ainda não se dispunha de recomendações conclusivas abordando a possibilidade de reduzir a adubação nessas condições. A partir de um estudo de caso em fazenda de produção comercial de grãos, comprovou-se a viabilidade de, por meio de monitoramento da fertilidade do solo com análises periódicas, associar o grau de tamponamento das reservas de P e K ao redimensionamento da adubação praticada pelo agricultor. Foi possível identificar condições de manejo que permitem conciliar menor gasto com adubação, uso mais eficiente de fertilizantes e maior rentabilidade no cultivo de grãos em solo de fertilidade construída.

A presente publicação torna-se uma das primeiras referências de que é possível otimizar a adubação em sistemas de produção de grãos tecnificados. Comprovou-se, em ambiente de cultivo real (condições de lavoura), que o manejo da "adubação de sistema" envolvendo as culturas de soja e milho pode ser otimizado a partir do uso de análises periódicas do solo. Foi validada a estratégia de monitoramento da disponibilidade de nutrientes e adequação da fertilização para aumentar a eficiência técnica e econômica da adubação de sistema em solos de fertilidade construída. Em solo com alta disponibilidade de P e K, a soja mostrou-se menos responsiva à adubação do que o milho, indicando a oportunidade de racionalizar o uso de fertilizantes por ocasião do cultivo da oleaginosa. Essa estratégia permite conciliar a manutenção do potencial produtivo das lavouras, com maior retorno econômico da adubação e com menores riscos de contaminação ambiental por nutrientes que não foram aproveitados pela cultura durante a safra.

Álvaro Vilela Resende - Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo

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Autores:

Álvaro Vilela de Resende
Engenheiro Agrônomo - Doutorado em Ciência do Solo
Pesquisador na Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas-MG - alvaro.resende@embrapa.br

Antônio Eduardo Furtini Neto
Engenheiro Agrônomo - Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas
Professor na Universidade Federal de Lavras - MG- afurtini@dcs.ufla.br

Julian Junio de Jesús Lacerda
Engenheiro Agrônomo - Doutorado em Ciência do Solo
Professor na Universidade Federal do Piauí - PI - julianlacerda@gmail.com

Clério Hickmann
Engenheiro Agrônomo - Doutorado Ciência do Solo - clerioh@gmail.com

Otávio Prates da Conceição
Graduando em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de São João Del Rei, Campus Sete Lagoas - otavio_prates@hotmail.com

Fonte: Embrapa Milho e Sorgo

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